Dados da Federação dos Distribuidores de Veículos (Fenabrave) mostram que o mês de janeiro de 2022 se consolidou como o menos rentável em 17 anos quando o assunto é venda de carros 0 km. Em comparação à dezembro, a queda foi de 39,7% nas vendas de automóveis e comerciais leves.
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Tal resultado chama a atenção ao mesmo tempo que também levanta o seguinte questionamento: com muitos carros novos encalhados, existe a possibilidade de queda nos preços? Saiba o que dizem profissionais do ramo sobre essa previsão.
Queda na venda de 0 km pode abaixar o preço de carros
Com muitos carros parados em montadoras e concessionárias, os consumidores que pensam em comprar um carro novo estão otimistas para uma eventual queda nos preços de utilitários em um futuro próximo.
De acordo com Cassio Pagliarini, que trabalha como consultor automotivo, a expectativa é de que a tabela de preços dos carros não caia oficialmente. No entanto, caso a situação de “encalhe” continue do jeito que está, não é descartada a possibilidade de descontos e campanhas de incentivos de vendas a partir de março.
“Precisamos de um pouco mais de tempo para ver como as vendas vão se comportar. Se continuarem em baixa em fevereiro, vejo um mês de março com incentivos de venda e descontos. No período de escassez de veículos não havia muita negociação, mas agora será diferente, as montadoras devem incorporar esses incentivos no preço para fechar negócio”, explica o consultor.
Ele diz ainda que a queda nas vendas não é reflexo apenas de problemas externos, mas também da falta de interesse do consumidor em ter um veículo 0 km neste momento. Até então, o problema principal era a falta de componentes que comprometia a demanda, diferentemente de agora, em que existe a falta de demanda do lado dos consumidores.
Motivos para a queda na venda de carros 0 km
Segundo o presidente da Fenabrave, o resultado da baixa venda de veículos é reflexo de diversas conjunturas, e não apenas envolvendo o poder de compra do carro pelo brasileiro:
“O resultado é conjuntural e acontece, principalmente, em função dos baixos estoques das concessionárias em dezembro, da persistente falta de produtos e da sazonalidade do período. Além desses fatores, a alta nas taxas de juros restringiu a aprovação de crédito para financiamentos e tivemos queda na renda do consumidor pelo aumento da inflação, em que pese tenhamos tido melhora dos níveis de emprego no país”, declarou José Maurício Andreta Jr., presidente da entidade.
Outra questão importante, e que merece destaque, se dá em razão do aumento da seletividade na aprovação de crédito. As incertezas sondando a economia, associada às altas taxas de juros, fizeram com que a taxa de aprovação de financiamentos pelas instituições ficassem em torno de 68% do volume total de propostas, impactando assim diretamente no volume de vendas.