Em mais uma etapa da Operação Panoptes, as Polícias Civis dos Estados de Goiás e Distrito Federal executam buscas e apreensões, nesta segunda-feira (30), contra 33 suspeitos de envolvimento no esquema conhecido como “Máfia dos Concursos”. Apurações indicam que o esquema tenha movimentado, só no ano passado, aproximadamente R$1mi.
Até o momento, foram autorizadas três prisões temporárias (30 dias), cinco preventivas (sem duração) e oito conduções coercitivas. Dentre os alvos, 18 são de Goiânia e 15, de Brasília, um deles, ex-funcionário do Centro de Promoção e Seleção de Eventos (Cespe/Unb), o atual Cebraspe, uma das bancas mais temidas entre os concurseiros.
Este antigo funcionário, inclusive, é apontado como um dos líderes da organização especializada em fraudar concursos públicos. Em 2016, investigações apontam movimentação superior a R$1 milhão em recebimento de propinas por parte dele. O dinheiro seria oriundo de negociações com interessados em vagas de concursos e vestibulares.
O funcionário era responsável pela digitalização das provas e folhas de respostas, tendo acesso ao preenchimento prévio, o que o permitia aprovar os candidatos que contratassem o esquema, mediante o pagamento de valores entre R$5mil e R$20 mil – só de entrada.
O homem teria sido demitido em março deste ano, após ter sido intimado para prestar esclarecimentos em Goiânia, assim que o esquema começou a ser descoberto. Além dos valores pagos de entrada, o aprovado que participasse do esquema deveria pagar outro montante, cujo valor variava de acordo com o cargo pretendido, podendo chegar a R$100 mil.
A suspeita é de que mais de 100 pessoas tenham se beneficiado das fraudes, em diversos estados brasileiros, e que este funcionário atue desde 2013. Os investigadores trabalham, agora, sobre a identificação destes candidatos que podem perder o cargo público e ser presos.
Outro alvo da investigação é um suposto aliciador que atuava na porta de cursinhos preparatórios. Lá, ele identificava interessados e os encaminhava para os “cabeças” da quadrilha. No início, ele e outros alvos da operação de hoje atuavam em conjunto com Hélio Ortiz, chefe do grupo que foi preso em agosto deste ano.
Também foram presos, em agosto, o filho de Ortiz, Bruno Ortiz, além de Johann Gutemberg dos Santos e Rafael Rodrigues da Silva Matias. Os acusados de envolvimento na organização podem responder por formação de organização criminosa, falsidade ideológica, fraude a certame licitatório e lavagem de dinheiro.