Com Fernando Haddad como ministro da Fazenda, o governo brasileiro retornou o diálogo sobre uma maior integração econômica do bloco do Mercado Comum do Sul, que integra Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela (suspensa temporariamente). Entre as possibilidades, está uma moeda única do Mercosul, mas a medida tem vantagens e desvantagens.
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O rumor de uma moeda única foi retomado logo na primeira semana de janeiro, após o encontro entre Haddad e o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli. Na época, o diplomata falou sobre a união comercial do bloco.
“Não significa que cada país não tenha sua moeda. Significa uma unidade para integração e aumento do intercâmbio comercial no bloco regional”, explicou.
O que muda com uma moeda única do Mercosul
A adesão de uma moeda única traz um modelo monetário em que os países abrem mão da sua moeda vigente em prol do uso de uma mesma moeda, que serve para transações comerciais dentro e fora das suas fronteiras. Já existem modelos assim atualmente na Europa, com a União Europeia, e na África.
No entanto, apesar da ideia de um modelo semelhante na América do Sul não ser novidade, ela é considerada por especialistas como algo improvável, principalmente pela grande disparidade econômica entre os países do bloco.
“Pensando na América do Sul, o país economicamente mais forte daqui é o Brasil, então ele seria o principal país de lastro (garantia de valor) dessa situação econômica. O Brasil absorveria o risco, inclusive, de países menores. Então, o país sofreria bastante. Se você pensa agora em uma moeda de ampla circulação, em que os países precisariam abrir mão de seus bancos centrais, o Brasil perde — inclusive, o instrumento monetário de trabalhar a própria taxa de juros e de utilizar o controle da inflação”, explica o analista Jeulliano Pedroso, especialista em economia e estratégia pela London School of Economics and Political Science.
Por outro lado, a criação de uma moeda transacional única facilitaria as transações econômicas no bloco, retirando a necessidade de conversões entre valores de nações diferentes.
“Essas transações econômicas seriam facilitadas, além de baratear os custos, é um incentivo para que estas economias aprofundem relações comerciais, melhorando o desempenho econômico dos participantes”, comenta o professor da UTFPR, Marcos Rambalducci.
Vale lembrar que uma adesão do tipo seria amplamente discutida e já foi avaliada em outros mandatos de Lula e até mesmo no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Até o momento, uma integração do tipo segue sem adesão suficiente para acontecer.