O Grupo Petrópolis, proprietário, entre outras coisas, da marca de cerveja Itaipava, pediu recuperação judicial na última segunda-feira (27), devido à crise enfrentada pela empresa. A notícia surpreendeu consumidores, que veem o consumo de cerveja mudar desde o início da pandemia.
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O pulo do gato que explica a crise do grupo, no entanto, está na mudança nos hábitos de consumo dos clientes durante a pandemia, com uma maior preferência por bebidas premium para consumo em casa.
Isso afetou principalmente empresas dependentes do consumo fora de casa, como o Grupo Petrópolis, que não investiu em inovação da mesma maneira que seus concorrentes, como a Ambev.
Além disso, a empresa alega que seus principais concorrentes se beneficiam de incentivos fiscais, o que permite que segurem preços mesmo com o aumento dos insumos para produção de cerveja.
Juros e inflação também contribuíram para a recuperação judicial do Grupo Petrópolis
A alta da taxa básica de juros, a Selic, também contribuiu para a piora da situação financeira do Grupo Petrópolis, que possui uma dívida total de R$ 4,2 bilhões.
Por conta disso, a empresa estima que, até 10 de abril, precisará de R$ 580 milhões a mais do que o projetado para o seu capital de giro, devido aos juros da dívida e à inflação, que afetou principalmente o público-alvo das marcas da empresa, composto pelas classes D e E.
Agora, a empresa precisa apresentar um plano de recuperação judicial que deve ser aprovado em uma assembleia de credores. Caso o plano não seja aprovado, a falência pode ser decretada.
A crise do Grupo Petrópolis ocorre em um momento de crescimento do setor, com o consumo de cerveja por habitante crescendo de 58 litros por habitante por ano em 2018 para 67 litros por habitante por ano em 2021.
No entanto, o mercado de cerveja sofreu mudanças significativas durante a pandemia, e a empresa enfrenta um cenário desafiador para se recuperar. Na visão dos especialistas, uma recuperação é possível, mas novos produtos, provavelmente mais premium, precisarão ser lançados.