Gestão Bolsonaro: cidadão pode ser afetado pelo rombo bilionário na Caixa?

Calote gerado por medidas provisórias aprovadas durante o governo do ex-presidente será bancado pelo banco estatal.



Durante a campanha eleitoral no ano passado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aprovou medidas provisórias para a criação de duas linhas de crédito, uma de empréstimos consignados para beneficiários do Auxílio Brasil, outra para clientes endividados.

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Tentando garantir a reeleição, Bolsonaro não se importou em escancarar os cofres da Caixa Econômica Federal, que agora terá que arcar com o prejuízo de uma inadimplência de 80%. Em valores, o rombo chega a R$ 600 milhões.

Outra questão é o dos ativos de alta liquidez, recurso mínimo que o Banco Central exige que as instituições bancárias tenham sempre em caixa. No fechamento de 2022, a instituição financeira tinha apenas R$ 162 bilhões, o menor patamar desde 2017.

Especialistas acreditam que, apesar da situação adversa para o banco, os correntistas e o mercado financeiro não serão afetados pelos problemas.

Quem paga a conta?

Os analistas ouvidos pela Terra acreditam que apenas os tomadores de crédito serão impactados, já que possuem uma dívida com a Caixa. Essas pessoas fazem parte de públicos de baixa renda, como os beneficiários do programa Auxílio Brasil (atual Bolsa Família).

Há também aqueles que contrataram empréstimos pelo SIM Digital, programa que concedeu crédito a empreendedores e interessados em empreender. Neste caso, o banco está autorizado a garantir o pagamento usando o saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

“É uma situação complexa, porque não resolveu o problema financeiro dessas pessoas. A Caixa terá que tirar dinheiro do FGTS e de parte do Bolsa Família, o que faz com que a renda dessas pessoas caia. Com isso, você subverte o mote dos programas”, diz o economista Igor Lucena.

Essa possibilidade levanta ainda outra questão: como a Caixa vai resolver o problema do saldo que não será ressarcido ao FGTS?

“Vai focar muito mais na gestão interna para resolver o problema, apesar das questões políticas, a Caixa é um banco bastante saneado com recursos em caixa”, prevê o especialista.

E os outros correntistas?

O impacto dessa movimentação para os demais clientes do banco será mínimo ou nenhum, mas pode haver uma histeria coletiva, segundo Marcello Marin, CFO da Spot Finanças. “O que a gente normalmente vê quando acontece [escândalos com bancos], é uma corrida para as pessoas sacarem seu dinheiro. Isso não pode acontecer”, afirma.




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