No dia 1º de maio, o governo reajustou o salário mínimo para R$ 1.320 e a população brasileira, claro, comemorou. No entanto, esse aumento não resolve um problema recorrente para os brasileiros: o fato de que o salário mínimo não é suficiente para arcar com os custos da cesta básica.
Leia também: Todos os beneficiários do Bolsa Família receberão 13º salário em 2023? Descubra agora
Assim era e assim continuou. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em maio, o salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.652,09, o que corresponde a 5,04 vezes o valor do salário mínimo atual.
Comparando com abril, último mês em que o antigo valor do salário mínimo estava em vigor, o valor necessário era de R$ 6.676,11, correspondendo a 5,13 vezes o salário mínimo. Em relação a maio de 2022, o mínimo necessário deveria ter sido de R$ 6.535,40, ou seja, 5,40 vezes o valor vigente na época, que era de R$ 1.212.
Como a relação com a cesta básica é feita?
Quando comparamos o custo da cesta básica com o salário mínimo líquido – após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social -, constatamos que, em média, o trabalhador comprometeu 55,68% do salário mínimo para adquirir os produtos alimentícios básicos.
A pesquisa do Dieese revela que, no mês passado, o tempo médio de trabalho necessário para adquirir os itens da cesta básica foi de 112 horas e 53 minutos. Esse número é menor do que em fevereiro deste ano, que era de 114 horas e 38 minutos, e em março do ano passado, quando eram necessárias 119 horas e 11 minutos.
Dentre as 17 cidades analisadas, 11 apresentaram queda no valor da cesta básica em maio. Destacam-se as quedas registradas em Brasília (-1,90%) e Campo Grande (-1,85%). Por outro lado, as altas mais significativas ocorreram em Salvador (1,42%), Curitiba (1,41%) e Belém (1,37%).
São Paulo possui a cesta básica mais cara, com o valor de R$ 791,82, enquanto Aracaju apresenta a mais barata, com o valor de R$ 553,76.
Confira a diferença entre o salário mínimo e o valor necessário para a cesta básica:
Período | Salário mínimo nominal | Salário mínimo necessário |
---|---|---|
2023 | ||
Maio | R$ 1.320,00 | R$ 6.652,09 |
Abril | R$ 1.302,00 | R$ 6.676,11 |
Março | R$ 1.302,00 | R$ 6.571,52 |
Fevereiro | R$ 1.302,00 | R$ 6.547,58 |
Janeiro | R$ 1.302,00 | R$ 6.641,58 |
2022 | ||
Dezembro | R$ 1.212,00 | R$ 6.647,63 |
Novembro | R$ 1.212,00 | R$ 6.575,30 |
Outubro | R$ 1.212,00 | R$ 6.458,86 |
Setembro | R$ 1.212,00 | R$ 6.306,97 |
Agosto | R$ 1.212,00 | R$ 6.298,91 |
Julho | R$ 1.212,00 | R$ 6.388,55 |
Junho | R$ 1.212,00 | R$ 6.527,67 |
Maio | R$ 1.212,00 | R$ 6.535,40 |
Abril | R$ 1.212,00 | R$ 6.754,33 |
Março | R$ 1.212,00 | R$ 6.394,76 |
Fevereiro | R$ 1.212,00 | R$ 6.012,18 |
Janeiro | R$ 1.212,00 | R$ 5.997,14 |
Em relação à inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, registrou um aumento de 0,23% em maio, desacelerando em comparação ao aumento de 0,61% registrado em abril.
Esse resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, que esperava um aumento de 0,33%. Nos primeiros cinco meses do ano, o IPCA acumulou alta de 2,95%. Em termos anuais, a inflação apresentou um aumento de 3,94%, abaixo da projeção média de 4,03%.