Com o advento das redes sociais e dos aplicativos de relacionamento, finalizar uma conexão simplesmente desaparecendo sem fornecer explicações se tornou uma prática amplamente difundida. Esse ato, conhecido como ghosting, é uma estratégia para evitar conflitos e estresse. No entanto, ainda existem muitas perguntas sem resposta sobre por que as pessoas escolhem fazer isso e como isso afeta quem está do outro lado.
Leia mais: Levou perdido de alguém? Atenção, você pode estar vivendo um ‘ghosting’
Para investigar o assunto, as psicólogas Christina Leckfor, da Universidade da Geórgia, e Natasha Wood, da Universidade do Mississipi, realizaram um estudo publicado no Journal of Social and Personal Relationships. Descobriram que cerca de dois terços dos participantes já passaram pela experiência de praticar ou sofrer ghosting.
As pesquisadoras estavam curiosas para saber quais fatores individuais e características pessoais influenciam a decisão de uma pessoa de adotar o ghosting. Também queriam descobrir se aquelas que precisam de um encerramento claro são menos propensas a usar essa tática ou se sofrem mais quando são ignoradas.
Rejeição social
Curiosamente, a rejeição social ativa as mesmas regiões cerebrais relacionadas à dor física. Isso significa que ser rejeitado sem entender o motivo pode causar uma sensação dolorosa e deixar a pessoa magoada e insegura. O ghosting ameaça as necessidades psicológicas básicas e a autoestima, tornando-se uma experiência negativa na maioria dos casos. Os efeitos são ainda mais intensos para aqueles que desejam um encerramento definitivo.
“Quando alguém com uma grande necessidade de encerramento se lembra de um momento em que foi ignorado ou rejeitado diretamente, doeu mais do que se tivesse uma baixa necessidade de encerramento”, relata Leckfor.
Essas descobertas sugerem que a necessidade de um término claro não é o fator decisivo na escolha de como por fim a um relacionamento, mas desempenha um papel importante na amplificação das experiências positivas e negativas vivenciadas durante a parceria.
Ghosting não se restringe apenas aos relacionamentos amorosos
Embora o ghosting seja comumente associado a aplicativos de namoro, o estudo revelou que essa prática não se limita apenas a esse contexto. Mais da metade dos participantes mencionou ter vivenciado o ghosting em amizades, sofrendo impactos semelhantes.
À medida que a conectividade humana se expande para as mídias sociais, é fundamental compreender como a tecnologia afeta nossos relacionamentos. O objetivo final desse estudo e do trabalho das pesquisadoras é entender quando as tecnologias podem ser úteis para construir conexões sociais e promover o bem-estar pessoal, e quando podem ter efeitos prejudiciais.