As descobertas mais inovadoras podem surgir de fontes inesperadas. É o caso de uma recente pesquisa brasileira que explora o veneno da aranha-armadeira, conhecida também como aranha-da-bananeira. Incrivelmente, uma molécula encontrada nesse veneno tem potencial para ser a próxima grande novidade no tratamento da disfunção erétil.
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Claro, a primeira reação ao ouvir “veneno de aranha” pode ser de temor. Na natureza, a picada dessa aranha provoca sintomas dolorosos, podendo até ser fatal. Mas há uma peculiaridade: esse veneno pode causar priapismo, uma ereção prolongada e dolorosa, em homens jovens. E foi essa observação que desencadeou a investigação científica.
Uma jornada de duas décadas de pesquisa
Tudo começou há mais de vinte anos, quando a Fundação Ezequiel Dias (Funed) identificou a toxina no veneno da aranha. Posteriormente, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) assumiu a análise, que agora está sob patente da empresa brasileira Biozeus Biopharmaceutical.
Os pesquisadores conseguiram criar uma versão sintética do peptídeo presente no veneno, chamado BZ371A, que mostrou promissores resultados nos testes pré-clínicos.
O peptídeo, assim como a toxina original, libera óxido nítrico, um elemento-chave no processo de ereção. Nos testes, verificou-se que a aplicação tópica desse composto realmente ampliava a liberação deste gás, desencadeando a ereção, mas sem os efeitos adversos associados à picada da aranha.
Além disso, o mais impressionante é que não são necessários estímulos externos na área para desencadear o efeito.
Da teoria à prática: testes em humanos
Os resultados iniciais em humanos são igualmente promissores. Na Fase 1 dos testes clínicos, não apenas se confirmou a não toxicidade do composto, mas também se observou sua eficácia em provocar ereções em voluntários.
A próxima etapa será avaliar o medicamento em homens que sofreram prostatectomia, uma cirurgia que frequentemente resulta em disfunção erétil.
Uma alternativa ao viagra?
Muitos homens que sofrem de condições como hipertensão e diabetes não podem usar tratamentos para disfunção erétil atualmente disponíveis, como o viagra.
A nova medicação baseada no veneno da aranha poderia ser uma alternativa para eles. Embora os testes em animais tenham indicado que a medicação é segura para indivíduos com essas condições, mais estudos em humanos são necessários.
A natureza, em sua vasta complexidade, continua a surpreender e a oferecer soluções para desafios humanos. Quem diria que uma aranha, muitas vezes temida, poderia ser a chave para ajudar milhões de homens?
