Os preços dos carros elétricos podem subir até 35% a partir de novembro com a volta do imposto de importação sobre os produtos. A medida ainda não foi confirmada, mas o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) já indicou o retorno da tributação.
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A mudança foi antecipada por fontes que participaram de duas reuniões da pasta com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e a (Associação Brasileira do Veículo Elétrico). Os encontros fechados estão previstos na agenda pública do secretário de Desenvolvimento Industrial, Uallace Moreira Lima.
Em ambas as reuniões, as discussões tiveram como foco os impostos de importação de veículos elétricos, que não tiveram uma alíquota prevista divulgada pelo governo. O MDIC não quis confirmar se o tema estará na pauta do próximo encontro da Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex), responsável por decidir sobre o tributo.
Sinais de retomada
O imposto de importação está zerado para carros totalmente elétricos e tem alíquota de 4% para híbridos desde 2015. As discussões do governo com a Anfavea vêm ocorrendo desde fevereiro desde ano e podem resultar no retorno da cobrança.
Em entrevista concedida em setembro, Uallace Moreira sinalizou que o imposto voltará de forma gradual nos próximos três anos, quando chegará a 35%. “O que podemos fazer para estimular a produção local? Tornar as importações um pouco mais difíceis e caras”, disse o secretário.
A solução tem o apoio da Anfavea, que argumenta que ela é necessária para proteger a produção nacional frente ao menor custo de fabricação dos produtos chineses. Segundo Márcio de Lima Leite, presidente da associação, o Brasil deixou de arrecadar R$ 2,2 bilhões com a redução do imposto.
“A China tem um custo de produção muito mais baixo que o nosso no Brasil. Então, esses veículos são, sim, uma ameaça. Temos conversado isso com o governo. O que temos hoje é 0% de imposto de importação sem data para acabar. É mais barato fazer lá fora do que nas nossas próprias fábricas, mesmo para montadoras que produzem no Brasil. Mas precisamos de uma regra de transição, ninguém quer chocar o mercado de uma hora para outra com mudanças abruptas”, justificou Lima Leite.
Elétricos começam a engatinhar
Do lado oposto nas discussões está a ABVE. Dados da associação mostram que a venda de modelos elétricos chegou a 9.351 de unidades em agosto deste ano, um aumento de 120% sobre agosto de 2022. Mas mesmo com o aumento, o crescimento do mercado de eletrificados ainda é pequeno.
As vendas desse tipo de veículo correspondem a 2% do mercado nacional, dominado pelos 2 milhões de modelos à combustão vendidos por ano. Nesse cenário, a ABVE propõe a retomada da tributação somente em 2025, quando a fatia dos elétricos deve alcançar 6%.
“Os carros puramente elétricos representam menos de 0,5% do total de vendas de veículos do país, e vai continuar assim por muito tempo. A Anfavea é essencialmente protecionista, sempre foi. Mas quando o assunto é carro elétrico não tem de quem se proteger. O volume é muito baixo”, argumenta o presidente da JAC Motors, Sérgio Habib.