A escassez de componentes para a produção de veículos novos provocou uma mudança drástica no mercado de usados e seminovos nos últimos dois anos. De uma hora para outra, o preço dos carros com dois ou três anos de uso até superou o valor pelo qual eles foram comprados inicialmente.
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Com a normalização da situação, os preços começaram a cair e ficaram mais próximos ao cenário regular, prejudicando muitos compradores. Porém, uma pesquisa recente indica que o valor dos usados voltou a subir, mesmo em meio a uma queda nas vendas.
Alta nos preços e queda nas vendas
A AutoAvaliar cruzou as vendas feitas em sua plataforma com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) para revelar o novo quadro. Setembro foi o mês mais lucrativo deste ano no segmento, mas enquanto o ticket médio dos usados subiu, as vendas recuaram.
A margem bruta de automóveis usados e seminovos chegou a 12,3% em setembro, um recorde anual. O melhor nível havia sido registrado em fevereiro, quando a margem alcançou 11,5%.
O novo mês do ano também foi o segundo consecutivo de aumento no tíquete médio dos veículos, de R$ 77.578 em agosto para R$ 78.767 em setembro. Os dados foram colhidos em 2.492 concessionárias do país.
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Por outro lado, a Fenabrave informou que as vendas caíram 15% em relação a agosto, para 875 mil unidades. Além disso, embora o preço médio tenha aumentado, ele ainda é inferior ao praticado em junho (R$ 81.693).
“Há uma tendência de recuperação dos preços com a volta da normalidade após o impacto do programa de governo que estimulou a venda de carros novos por um curto período e desestabilizou o mercado de usados”, diz J.R. Caporal, CEO da Auto Avaliar.
Influência nos preços
Segundo o presidente da Federação dos Revendedores de Veículos Usados, Enilson Sales, o programa de incentivo do governo federal à compra de veículos novos refletiu em uma queda nos preços dos seminovos. Muita gente preferiu comprar um carro zero quilômetro, mas a situação já se normalizou.
Ele explica que esse é um dos motivos da queda nas vendas foi justamente o aumento nos preços. Além disso, a preferência da indústria por modelos e versões mais caras em detrimento dos “populares” é outro fator decisivo.
“A indústria prefere montar carros cada vez mais completos e de maior valor agregado. Isso valoriza os seminovos porque o zero-quilômetro fica inacessível para muitos, então cresce a procura pelos usados”, completa o especialista.
Também vale mencionar que as vendas de setembro, quando comparadas a agosto por dia útil, sofreram variação negativa de apenas 1,0%. O mês teve três dias úteis a menos que o anterior, o que pode ter impactado o resultado.