Buscando conquistar seu espaço na corrida espacial, o Brasil pretende lançar um Veículo Lançador de Microssatélite (VLM) ainda em 2024. Todavia, enquanto a China recentemente chegou ao lado oculto da Lua e a NASA continua realizando lançamentos e descobertas, o Brasil ainda enfrenta obstáculos técnicos e financeiros a serem superados.
De acordo com Marco Antonio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), em entrevista ao Byte, a maior dificuldade é entregar um veículo lançador nacional, garantindo acesso independente ao espaço.
O Programa Espacial Brasileiro (PEB) precisa de investimentos contínuos para avançar na corrida espacial e desenvolver infraestrutura, competências e missões espaciais. Contudo, “o nível de investimento do país ainda está aquém do necessário para garantir e manter um programa espacial competitivo”, diz Chamon.
Desafios financeiros na corrida espacial brasileira
O pesquisador Wandeclayt Melo, do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), destaca a falta de uma Política de Estado para o PEB, que garanta recursos a curto, médio e longo prazos.
O atual Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE 2022-2031) prevê cenários financeiros limitados, com o pior deles investindo apenas R$ 1,2 bilhão no período completo.
“É um cenário bem restrito, onde o Acesso ao Espaço, a vertente que engloba o lançamento de um veículo lançador de microssatélites (o VLM-1), receberia apenas 3% (R$ 40 milhões) desse total”, reitera Melo.
Além disso, missões espaciais receberiam 40% (R$ 480 milhões), focadas em pequenos satélites para dados ambientais, como o modelo Amazonia-1.
Chamon enfatiza que, além da falta de investimentos diretos, outro desafio é a perda de capacidade e conhecimento prático nos institutos de pesquisa, na indústria nacional e nas universidades.
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Iniciativas privadas e cooperação internacional na corrida espacial
Em 2024, o Brasil visa desenvolver seu próprio foguetes, os Veículos Lançadores de Microssatélites (VLM) e Veículos Lançadores de Pequeno Porte (VLPP), com planos para lançamentos em órbita equatorial. Para que isso seja possível, a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) lideram os esforços em colaboração com setores privado e público.
Duas iniciativas privadas foram selecionadas pela Finep, através de um processo competitivo anunciado em dezembro pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). No entanto, a força de pesquisa no Brasil ainda é fraca.
Rocha-Pinto, presidente da Sociedade Astronômica Brasileira, aponta que um grupo de pesquisa em países desenvolvidos pode receber recursos equivalentes ao que o Brasil destina a todos os pesquisadores juntos.
Ele também critica a falta de envolvimento da comunidade científica em sugerir casos científicos para exploração espacial, o que limita o desenvolvimento tecnológico e a inovação.
Futuro da corrida espacial brasileira
A falta de propósito no Programa Espacial Brasileiro, além do investimento reduzido, prejudica a capacidade do país de se destacar na corrida espacial.
“Às vezes parece que temos algo chamado de Programa Espacial Brasileiro apenas porque precisamos caracterizar o pequeno investimento já feito e ainda por fazer em foguetes, pois não existe um propósito que direcione a atuação desse programa”, destaca o presidente da PEB.
*Com informações de Byte (via portal Terra).