Imagine se você acordasse um dia e, de repente, começasse a falar com um sotaque totalmente diferente do seu. Para a britânica Georgina Gailey, isso se tornou uma realidade depois que ela sofreu um ataque cardíaco.
Durante uma conversa por videochamada com sua irmã, Georgina percebeu que sua voz estava saindo de forma estranha: um sotaque sueco dominava sua fala, mesmo sem ela ter qualquer ligação com o país ou o idioma.
Após semanas internada e diversas avaliações, os médicos finalmente chegaram a um diagnóstico raro: síndrome do sotaque estrangeiro. Desde sua descoberta, em 1907, apenas cerca de 150 casos dessa síndrome foram registrados no mundo.
A condição altera a forma como uma pessoa pronuncia as palavras em seu idioma nativo, fazendo com que pareça que ela está tentando falar uma língua estrangeira.
Georgina, que nunca visitou a Suécia, agora vive com um sotaque sueco que impacta seu cotidiano.
Georgina Gailey (Foto: Reprodução)
Causas ainda são incertas e outro caso parecido
A síndrome do sotaque estrangeiro é um mistério médico que intriga até mesmo especialistas. Embora existam indícios de que lesões cerebrais possam desencadear essa condição, como AVCs, traumatismos cranianos ou até tumores, as causas exatas ainda não são completamente compreendidas.
No caso de Georgina, suspeita-se que o ataque cardíaco tenha desencadeado a mudança em seu sotaque. Contudo, como em muitas questões neurológicas, essa conexão ainda não pode ser confirmada com certeza.
Além de Georgina, outro caso notório que ganhou destaque foi o de um homem americano que desenvolveu um sotaque irlandês incontrolável. Assim como Georgina, ele não tinha fortes conexões culturais ou familiares com a Irlanda.
Esse caso foi documentado na revista “BMJ Case Reports” por especialistas da Duke University e do Carolina Urologic Research Center.
Ambos os casos exemplificam como lesões nas áreas do cérebro responsáveis pelo ritmo e melodia da fala, como a área de Broca, podem causar essas mudanças drásticas no sotaque.
Síndrome do Sotaque Estrangeiro: impactos no cotidiano
Georgina relatou que é frequentemente questionada sobre suas origens e que, embora sorria para os curiosos, a situação a entristece por dentro. A mudança de sotaque afeta não apenas a comunicação, mas também a identidade e a interação social da pessoa.
Nesse contexto, os pacientes que convivem com essa síndrome raramente encontram outros na mesma situação, o que pode agravar a sensação de isolamento.
Por fim, Georgina expressou o desejo de aumentar a conscientização sobre a síndrome do sotaque estrangeiro para que mais pesquisas sejam realizadas e que outros afetados possam encontrar apoio.