No Irã, a posse de cães tornou-se um tema de debate acalorado, especialmente após novas restrições que proíbem passear com esses animais em diversas cidades.
Desde a Revolução Islâmica de 1979, os cães são vistos como um legado ocidental indesejado, classificados pelos líderes religiosos como impuros. Apesar disso, jovens iranianos têm adotado cães como forma de resistência ao regime islâmico.
Recentemente, cidades como Isfahan e Kerman aderiram ao movimento de proibição de passeios com cães. Este fenômeno reflete uma ordem anterior que, em 2019, restringiu o ato na capital Teerã.
As restrições não param por aí: transportar cães em veículos também foi proibido, com destaque para a cidade de Ilam, onde a nova regra entrou em vigor no último dia 8 de junho.
As autoridades locais, como Abbas Najafi, promotor de Hamadan, alegam que passear com cães compromete a saúde pública e o bem-estar da comunidade.
Ainda que não exista uma lei nacional que proíba a posse de cães, promotores regionais frequentemente emitem restrições que são aplicadas pela polícia. Em alguns casos, os donos acabam detidos e os animais, confiscados.
Reações e rebelião
Essa repressão aos pets gerou críticas. Muitos acreditam que a polícia deveria priorizar a segurança pública em vez de perseguir os donos de cães.
A medida é vista por jovens como mais uma tentativa de limitar liberdades pessoais. Por isso, eles têm encontrado formas criativas de desafiar essa norma, como passear com seus cães em áreas isoladas durante a noite.
O líder supremo aiatolá Ali Khamenei já se manifestou contra a posse de cães, excetuando casos específicos como pastoreio e segurança. Além disso, 75 legisladores manifestaram preocupação sobre como essa prática poderia alterar o estilo de vida islâmico tradicional.
Histórico de restrições do passeio com cães
- 2010: proibição de anúncios de animais de estimação pelo Ministério da Cultura e Orientação Islâmica.
- 2014: tentativa de implementar multas e punições físicas para donos de cães, sem sucesso.
- 2019: primeira proibição de passeios com cães em Teerã.
Além de criar polêmicas, essas restrições refletem uma luta cultural mais ampla no país, onde muitos optam por desafiar regras rígidas como um sinal de rebeldia contra o governo teocrático.