O varejo alimentar global enfrenta uma de suas fases mais desafiadoras. Com margens apertadas, mudanças nos hábitos de consumo e elevação de custos operacionais, importantes redes de supermercados estão sendo forçadas a fechar dezenas de lojas em diferentes países.
A medida não apenas impacta empregos e comunidades, mas também revela a urgência de reestruturações profundas no setor supermercadista.
Recentemente, duas redes expressivas — a Alcampo, na Espanha, e a norte-americana Daily Table — anunciaram o fechamento em massa de unidades, além de demissões e liquidações completas de estoques, refletindo um movimento estratégico diante das novas exigências do mercado.
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Alcampo fecha lojas na Espanha
A rede espanhola Alcampo, pertencente ao grupo francês Auchan, revelou o fechamento de 25 unidades e a redução do espaço em 15 hipermercados. A decisão afeta cerca de 710 funcionários, representando 3% de sua força de trabalho na região.
Segundo o grupo, a decisão está alinhada a um plano de modernização e foco em eficiência operacional. A queda no consumo, aliada ao aumento dos custos e à necessidade de adaptação digital, motivou a reformulação de seu modelo.
Entre as estratégias adotadas estão:
- Expansão do modelo multicanal e multiformato.
- Aposta em lojas menores e mais eficientes.
- Otimização logística, com foco em regiões de menor retorno.
- Modernização de mais de 60 lojas físicas.
- Implantação de uma nova plataforma de distribuição.
A recente aquisição de 224 unidades da rede DIA, parte com desempenho abaixo do esperado, também acelerou a revisão do portfólio. Regiões como Madrid, Castilla y León e Galícia estão entre as mais impactadas.
Daily Table fecha as portas nos EUA por falta de financiamento
Nos Estados Unidos, o encerramento de todas as lojas da Daily Table, rede voltada à oferta de alimentos saudáveis a preços populares, causou surpresa e frustração.
Fundada em 2015 com uma missão social clara, a empresa chegou a atender mais de 3 milhões de pessoas, gerando economias significativas para comunidades vulneráveis. No entanto, a incapacidade de captar novos investimentos tornou o modelo insustentável.
Apesar do apelo social, o cenário econômico desafiador e a pressão sobre as margens impediram a continuidade do projeto. A rede realiza liquidações especiais antes do fechamento definitivo.
O que os recentes fechamentos de supermercados revelam sobre o setor varejista?
Os casos da Alcampo e da Daily Table são indicativos de uma transformação inevitável. Mesmo redes consolidadas ou com forte engajamento social estão sendo obrigadas a repensar suas estruturas. A realidade é clara: sem adaptação, não há sobrevivência no atual cenário.
Entre os principais fatores que explicam o fechamento de lojas no varejo, destacam-se:
- Redução no poder de compra da população.
- Aumento nos custos logísticos e operacionais.
- Demora na transformação digital de modelos tradicionais.
- Concorrência crescente de plataformas online e marketplaces.
- Mudanças nos padrões de consumo e preferência por conveniência.
Quais são as tendências para o futuro dos supermercados?
Diante da crise, muitas redes estão redesenhando seus negócios para atender às novas demandas do consumidor. As tendências do varejo supermercadista incluem:
- Digitalização de processos e canais de venda.
- Redução de áreas físicas de venda, priorizando espaços otimizados.
- Investimento em logística inteligente e last mile delivery.
- Adoção de tecnologias de automação e inteligência de mercado.
- Compromisso com sustentabilidade e eficiência energética.
De acordo com estudos da McKinsey, supermercados com atuação digital consistente têm três vezes mais chances de se manter lucrativos em cenários adversos.
Entre cortes e inovação, o varejo entra em uma nova era
O fechamento de lojas por grandes redes de supermercados, embora impactante, reflete uma necessária evolução no modelo de negócios.
Em tempos de crise, a capacidade de responder rapidamente a mudanças de comportamento, reduzir ineficiências e aplicar inovação tecnológica se torna o diferencial entre o declínio e a reinvenção.
O futuro do varejo alimentar será mais conectado, enxuto e centrado na experiência do consumidor. A sobrevivência dependerá da agilidade em acompanhar essa transformação.
