A praia campeã de contaminação está entre as mais cheias do verão no Brasil

Praia enfrenta risco sanitário, com qualidade da água imprópria para banho.



O turista que chega ao Guarujá, em São Paulo, costuma se deixar levar pelo charme costeiro, mas uma das paradas mais famosas da região esconde um alerta pouco intuitivo. A Praia do Perequê, conhecida pela identidade caiçara e pelos restaurantes, enfrenta um cenário delicado quando o assunto é qualidade da água.

Levantamentos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), feitos ao longo de 2024, revelam que, após 52 análises, quase todas as medições apontaram risco para banho.

Mesmo com esse quadro desfavorável, o local continua recebendo quem busca mar aberto, pesca artesanal e refeições frescas saindo das embarcações. A movimentação cresce de forma expressiva nos finais de semana, quando a orla de 2,4 quilômetros fica tomada por barracas, famílias e turistas ocasionais.

É um fluxo que reforça a presença do bairro no mapa turístico, embora a balneabilidade esteja longe do ideal.

Esse contraste se torna mais evidente quando se observa o restante do litoral do Guarujá, apelidado de “Pérola do Atlântico” e dono de 27 praias que recebem mais de 1,5 milhão de visitantes no verão.

A Praia do Tombo se destaca como contraponto, preservando há mais de 15 anos o selo internacional Bandeira Azul, símbolo de qualidade ambiental e gestão exemplar. O resultado é um retrato desigual de um mesmo destino, onde fama e fragilidade dividem o mesmo horizonte.

Entre a beleza e o risco sanitário

Além da beleza, o Perequê convive com esgoto doméstico e descarte irregular de resíduos, que pressionam a qualidade da água. O “Rio do Peixe” deságua ali e carrega poluentes, favorecendo bactérias fecais. Dessa forma, os mergulhos se tornam arriscados e exigem prudência redobrada.

Em 2024, a Cetesb realizou 52 coletas e encontrou apenas uma amostra dentro do limite considerado seguro. O resultado demonstra que, em 98% do tempo, a água esteve imprópria para banho.

A partir das análises, o órgão manteve o alerta contínuo e segue recomendando atenção à sinalização de balneabilidade.

Recomendações ao visitante

Apesar dos alertas, quiosques e restaurantes seguem abertos e movimentam a economia da vila caiçara. O turismo mantém empregos e renda, mas a lotação crescente amplia a pressão ambiental e acende o debate sobre a sustentabilidade do balneário.

O contato com água contaminada pode provocar infecções, irritações na pele e problemas gastrointestinais. Assim, especialistas orientam: evite o banho quando a praia estiver classificada como imprópria, consulte o boletim da Cetesb antes da viagem e priorize a areia, a gastronomia e a pesca artesanal.

Respostas e planos

Segundo a Sabesp e a Prefeitura do Guarujá, obras avançam para ampliar a rede de esgoto, melhorar o tratamento e recuperar o “Rio do Peixe”. Além disso, a Cetesb ressalta que “a qualidade da água reflete o comportamento coletivo”.

Boletins estão disponíveis no site do órgão e podem ser consultados pela população.

Perequê simboliza o paradoxo do litoral paulista: paisagem cobiçada e risco sanitário persistente. Para virar a página, o município precisa unir investimentos, fiscalização e educação ambiental. O visitante, por sua vez, tem um papel decisivo ao cobrar políticas públicas efetivas.

Quem planeja a viagem deve consultar os boletins da Cetesb e, se necessário, adaptar o roteiro. Enquanto as intervenções avançam, o desafio do Guarujá será garantir que sua vocação turística não se perca diante da degradação ambiental.




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