Candidatos do concurso promovido pela Câmara Municipal de Goiânia (Concurso Câmara de Goiânia 2018) relataram irregularidades durante a aplicação das provas teóricas. Os exames aconteceram no último domingo (02) em vários pontos da capital goiana.
Os depoimentos começaram a circular em grupos de redes sociais logo após o término das provas. Entre os relatos iniciais, estavam fiscais de prova despreparados, candidatos entrando em sala portando celular e inscritos convocados de última hora.
De acordo com uma das candidatas, “os fiscais não sabiam onde eram as cadeiras de cada candidato, deixaram entrar com o celular na mão”. Ela mencionou ainda que, na sua sala, um dos fiscais nem notou que um participante entrou usando relógio, item proibido em edital.
Outra inscrita denunciou que provas estavam sendo distribuídas enquanto havia candidatos adentrando nas salas. No mesmo grupo, uma jovem convocada para trabalhar na equipe de apoio denunciou que vários fiscais faltaram ao treinamento feito no dia anterior. Por isso, a organização do certame precisou convocar pessoas de última hora.
Denúncias à Câmara
As denúncias quanto a irregularidades no certame chegaram à própria Câmara dos Vereadores. Em entrevista ao Jornal Dia Online, a vereadora Sabrina Garcêz confirmou ter recebido relatos em seu gabinete.
Entre os pontos levantados, estavam gabaritos duplicados, envelopes abertos com provas e convocação extraordinária de candidatos fora do prazo prescrito no regulamento. A última denúncia, inclusive, foi levantada por outro veículo de grande circulação.
Na notícia publicada pelo portal do Jornal O Popular, foi repassada a informação de que candidatos que tiveram dificuldades em pagar a taxa de inscrição foram convocados em cima da hora. Com isso, tiveram acesso à folha de prova antes dos outros participantes.
Uma inscrita denunciou que “essas pessoas foram convocadas na última hora, chegaram para obter informações sobre a prova, já ficaram no prédio do Centro de Seleção e receberam suas provas”. Na mesma reportagem, outra candidata mencionou o vazamento de uma lista de inscritos antes da publicação oficial, além de não haver detector de metais no seu local de aplicação.
Retorno das instituições
A banca responsável pela organização do certame, o Centro de Seleção da Universidade Federal de Goiás (Cs-UFG), e a Câmara dos Vereadores se posicionaram quanto às denúncias. Ao Jornal O Popular, o Cs-UFG confirmou a convocação de aproximadamente 500 inscritos que não tiveram inscrições homologadas no prazo original.
Segundo a banca, eles foram chamados para comparecimento às 12h30 do domingo na sede do Centro de Seleção. Porém, mesmo efetuando o pagamento das inscrições, não tiveram acesso aos locais de prova.
A UFG seguiu informando, ainda, que não há impeditivo para impressão de novos cartões e provas desde que os cadernos cheguem aos candidatos em envelopes lacrados e no horário previsto. De acordo com a assessoria da universidade, “as provas são impressas e lacradas no próprio Centro de Seleção da UFG e que já ocorreram casos em que foi necessária impressão de cartões e provas”.
A instituição confirmou também que o material sai lacrado mediante o acompanhamento da Polícia Federal. Quanto ao tratamento diferenciado para tais candidatos, a UFG afirma que eles tiveram envelopes distribuídos no mesmo horário dos demais.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia (Sedetec), responsável pela validação das inscrições, confirmou a dificuldade no registro de pagamento, muito em parte, por erro de digitação do código de barras. A Pasta afirmou que a UFG, então, orientou os respectivos candidatos a enviar o comprovante de pagamento por e-mail.
Mediante o recebimento dos comprovantes, a instituição pode repassá-los à Sedetec para que os técnicos dessem baixa nos pagamentos. O prazo final para o procedimento era 31 de agosto, sexta-feira, porém, a Pasta confirmou ficar à disposição da UFG em caso de lotes finais a serem homologados.
Por meio de nota, a Câmara Municipal diz estar a par dos acontecimentos e ter contratado o Centro de Seleção da UFG pela credibilidade da instituição na organização de concursos públicos. Segundo a Casa, todas as reclamações estão sendo encaminhadas à banca organizadora.
Ministério Público
A assessoria de comunicação do Ministério Público de Goiás (MP GO) confirmou ter recebido diversas reclamações a respeito do concurso. Todas foram recebidas pelo Centro de Apoio Operacional do Patrimônio Público e Combate à Corrupção. De lá, seriam encaminhadas para uma promotoria desta área para que, após análise do material, as devidas providências sejam tomadas.