Problemas da Língua Culta para Concursos

Confira algumas das principais dúvidas na hora de escrever um texto em uma prova de concurso público.



Sabe aquelas dúvidas que batem na hora de escrever um texto? Dúvidas relativas à grafia mesmo, como “mal” ou “mau” e “onde” e “aonde”. Pois bem, esses “brancos” convertidos em erros simples são chamados de problemas da língua culta. Constam de desvios gerais cometidos mesmo por quem estuda exaustivamente a Gramática da Língua Portuguesa.

Tais erros simples que, de certa forma, não chegam a prejudicar na clareza da comunicação, podem lhe custar pontos preciosos em provas de concursos públicos. Por isso, são frequentemente cobrados no conteúdo programático de editais das mais variadas seleções.

A lista de desvios é bem extensa, mas resolvemos trazer os mais comuns para te ajudar a esclarecer dúvidas e responder, de forma correta, às questões de sua prova.

Se não/Senão

A expressão “se não” equivale a “caso não” e aparece nas orações condicionais. Exemplo: Se não terminarmos o telhado hoje, a chuva molhará toda a casa!

Já “senão” tem o sentido de “caso contrário” ou “a não ser”. Exemplo: O menino não fazia mais nada senão comer o dia todo!

Problemas da Língua Culta para Concursos

De mais/Demais

A locução prepositiva “de mais” é empregada ao lado de pronomes e substantivos. É o oposto de “de menos”. Exemplo: Eu acredito que eles não tenham feito nada de mais.

Por outro lado, “demais” pode exercer duas funções. A primeira, de advérbio quando equivale a “muito”. A segunda, de pronome indefinido no sentido de “os restantes” ou “os outros”. Exemplos: A testemunha sabe demais, por isso deve ser protegida (advérbio) / Aqueles que terminaram a tarefa podem ir, os demais devem permanecer na sala (pronome).

Mau/Mal

“Mau” é um adjetivo que equivale a “ruim”, “maldoso” e de “má índole”. Seu oposto é “bom” e, quando convertido para o gênero feminino, passa a ser “má”. Exemplo: Aquele homem é muito mau! Cuidado!

Por sua vez, “mal” pode exercer a função de substantivo ou advérbio, dependendo de sua posição na frase. Se aplicado como advérbio, equivale a “irregularmente” ou “de modo errado”. Já como substantivo, tem o sentido de “prejudicial”. Exemplos: Fumar faz mal à saúde (substantivo) / Aquele foi um trabalho muito mal feito (advérbio).

Uma dica para saber quando usar cada um é tentar substitui-los pelos seus opostos: mal x bem e mau x bom.

Mais/Mas

O advérbio de intensidade “mais” é usado para indicar intensidade, como o próprio nome já diz, e também ideia de adição ou acréscimo. Exemplo: Você é o mais esforçado daquela empresa. / Ele comprou mais duas caixas de refrigerante para a festa.

Já a conjunção adversativa “mas” equivale a “porém”, “contudo”, “no entanto” e “entretanto”, dando a ideia de oposição. Exemplo: João chegou para apresentar o trabalho, mas seus colegas faltaram.

Aonde/Onde/Donde

“Aonde” é a junção da preposição “a” com o advérbio “onde”. Seu uso se aplica para dar ideia de movimento, podendo ser afastamento ou aproximação. Exemplo: Aonde ele foi?

“Onde”, por sua vez, é um advérbio que indica o lugar no qual alguém está ou algo está se passando. Reflete também um estado de permanência. Exemplo: Onde fica sua casa? / Este é o lugar onde ele foi assaltado.

“Donde”, por fim, significa “de que lugar”. Exemplo: Donde ele veio?

Quê/Que

“Quê” pode exercer diferentes funções em uma frase, podendo ser um substantivo (indicando “alguma coisa”), pronome no final de frase (antes da pontuação) ou interjeição (indicando espanto ou surpresa”. Exemplo: Você fez o quê?

Já o “que” funciona como pronome, advérbio, conjunção ou partícula expletiva. Exemplo: Que mais você quer fazer?

Ao par/A par

“Ao par” é uma expressão usada para indicar equivalência em valores cambiais, ou seja, em situações bem específicas. Exemplo: Já tem algum tempo que o peso argentino não está ao par do dólar.

“A par”, por sua vez, é usado para expressar a ideia de “ter conhecimento” sobre algo, “estar bem informado”. Exemplo: Quando falei com ela, já estava a par da situação.

De encontro a/Ao encontro de

Duas expressões que causam a maior confusão! “De encontro a” indica choque, colisão ou oposição. Exemplo: Meu filho corria muito e foi de encontro com o coleguinha.

“Ao encontro de” equivale às expressões “ser favorável a”, “aproximar-se de” ou “ter posição convergente”. Exemplo: Minhas ideias vão ao encontro das suas, já percebeu?

Há cerca de/Acerca de/A cerca de

Existem diferenças consideráveis entre as três expressões. “Há cerca de” indica tempo decorrido enquanto “a cerca” dá a ideia de aproximação. Por fim, “acerca de” é uma locução prepositiva cujo sentido equivale a “sobre, a respeito de”. Exemplos: Ele foi embora daqui há cerca de dez anos / A jovem mora a cerca de duas quadras daqui / O grupo estava discutindo acerca de mobilidade urbana.

Porque/Porquê/Por que/Por quê

O uso dos “por quês” gera bastante dúvida, mas preste atenção:

  • porque: conjunção explicativa causal ou explicativa, equivalendo a pois. Também é colocada no início de uma resposta. Exemplos: Ele não veio porque estava passando mal / Porque agora estudo à noite, então não posso sair.
  • porquê: substantivo e deve ser precedido de um artigo ou determinante. Exemplo: Ninguém sabia o porquê de ela ter faltado à aula.
  • por que: preposição “por” + pronome relativo “que”. Usado no início de perguntas e para indicar uma razão. Nesse caso, equivale à “pelo qual” e sua flexões. Exemplos: Por que você não veio (Por que motivo você não veio)?
  • por quê: quando “por que” vier no final da frase, deve ser acentuado. Exemplo: Você não telefonou por quê?

A/Há

Além da classe gramatical, a diferença entre “há” e “a” está no tempo referido na frase. O primeiro menciona um tempo que já se passou enquanto o outro indica um tempo futuro. Exemplos: A Guerra na Síria ocorre há mais de cinco anos e já deixou milhares de mortos / Estamos a dez dias das eleições e a disputa vai ficando cada vez mais acirrada.

A fim/Afim

“Afim” é o adjetivo que equivale a “semelhante, igual”. Seu plural é “afins”. Exemplo: Temos desejos afins

“A fim”, por sua vez, é uma locução prepositiva que indica finalidade. Exemplo: O cliente veio a fim de resolver a situação de sua compra

Torcer por/Torcer para

A regência do verbo torcer permite o uso das duas preposições, desde que as finalidades sejam diferentes. “Torcer para” é usado quando indicar alguma finalidade, equivalendo a “para que, a fim de que”. Exemplo: Torço para que você consiga sair dessa situação logo!

Nas demais situações, usamos “torcer por ou torcer pelo(a)”. Exemplo: Na Copa do Mundo, claro que torci pela seleção brasileira!

Cessão/Seção/Secção/Sessão

Apesar da mesma sonoridade, o sentido e a grafia são completamente diferentes. Veja:

  • cessão: dar, doar, ceder. Exemplo: A cessão de bens foi endereçada ao orfanato.
  • sessão: intervalo de tempo no qual dura um evento, como filme ou teatro. Exemplo: Vou assistir o filme na sessão das dez.
  • seção ou secção: a parte de um todo. Exemplo: Encontrei isso na seção de eletrodomésticos.

Nós vimos/Nós viemos

A explicação para a diferença entre os dois é um pouco mais complexa por, também envolver verbos de significados diferentes.

A priori, “nós vimos” é a conjugação do verbo “vir” no presente do indicativo. Exemplo: Nós vimos até aqui para conversar com você.

“Nós viemos” é a conjugação do mesmo verbo, porém no pretérito perfeito. Exemplo: Nós viemos aqui ontem, mas não havia ninguém em casa.

Porém, existe a conjugação do verbo “ver” no pretérito perfeito do indicativo na qual usamos “nós vimos”. Exemplo: Nós vimos seu irmão no bar ontem.

Sentar-se à mesa/Sentar-se na mesa

A diferença entre as duas expressões está na posição do objeto ou do sujeito. Se você está sobre a mesa, então, você se “senta na mesa”. Agora, caso você se sente em frente à mesa, então, você vai ser “sentar à mesa”. Exemplos: O bebê está sentado na mesa, tire-o de lá! / As crianças já estão sentadas à mesa para almoçar.

Descargo/Desencargo

As duas palavras têm significados bem diferentes. “Desencargo” indica que desobrigação de alguma coisa ou responsabilidade. Exemplo: O filho mais velho saiu de casa, então foi um desencargo para o sustento da casa.

Por outro lado, “descargo” é o alívio sobre algo. Erroneamente, algumas pessoas falam “desencargo” de consciência, quando o correto é “descargo” de consciência. Mais um exemplo: Saí de casa muito cedo, então foi um descargo nas contas do mês.

Hajam vista/Haja vista

As duas expressões exercem a mesma funções, no entanto podem ser usadas conforme a flexão do número do substantivo a que se refere, assim como a presença de preposição. “Haja vista” é usado quando há ou não preposição à frente, com o substantivo posterior no singular ou plural. Exemplo: Haja vista aos problemas que ele enfrentou…

“Hajam vista” é usada quando não há preposição à frente e o substantivo deve estar no plural. Exemplo: Hajam vista os problemas que a família enfrentou…

Ver/Olhar

Engana-se quem pensa que os dois verbos têm funções semelhantes na frase. “Ver” indica que algo está sendo percebido pela visão, pelo sentido em si. Exemplo: Eu vi sua irmã na faculdade mais cedo.

“Olhar” se refere à estar atento para ver alguma coisa ou alguém. Exemplo: Eu olhei para o lado, e enxerguei o ônibus vindo à distância.

Ouvir/Escutar

Mais uma vez, dois verbos que indicam o mesmo sentido, porém em diferentes funções. “Ouvir” é perceber algo pelo sentido da audição, enquanto “escutar” é atentar-se para ouvir algo ou alguém. Exemplo: Ouvi um barulho vindo do corredor/Escutei suas reclamações com atenção, agora é sua vez.

Desapercebido/Despercebido

Aqui estão verbos que são comumente usados de forma errada no contexto da fala. Quando você está “despercebido”, está desatento mas, se estiver “desapercebido”, está desprevenido ou desprovido de algo. Portanto, nada passa “desapercebido” por você, mas despercebido. Exemplos: Aquilo passou despercebido naquele momento / Maria está desapercebida de dinheiro neste mês.

Perda/Perca

As duas palavras constituem classes gramaticais distintas. “Perda” é um substantivo enquanto “perca” é um verbo. Exemplos: Um dia, ela superará a perda do pai / Não perca a paciência com seu filho, é só uma criança

Em domicílio/A domicílio

O que vai distinguir as duas situações de uso é o contexto do movimento. “Em domicílio” indica algo sem ideia de movimentação, enquanto “a domicílio” menciona a ideia contrária. Exemplos: O restaurante faz entregas a domicílio / A professora ensina inglês em domicílio

Estada/Estadia

As duas palavras são usadas no mesmo contexto, porém para sujeitos distintos. “Estadia” é para veículos e “estada” para pessoas. A confusão entre o uso dos termos é bastante comum, inclusive. Exemplo: Minha estada em São Paulo será de apenas uma noite / Precisei pagar dois dias de estadia do meu carro.

Em vez de/Ao invés de

São duas expressões que causam a maior confusão, não é verdade? “Em vez de” indica algo a ser substituído, trocado. Exemplo: Você pode comer salada em vez daquela massa.

“Ao invés de” se refere à uma situação oposta, contrária. Exemplo: Confundimos o endereços e fomos ao andar de cima, ao invés do correto.

Tiritar/Tilintar

Os dois termos apresentam sons semelhantes, porém significados diferentes. “Tilintar” é quando algo soa, como um sino. E quando alguém está “tiritando”, está tremendo, possivelmente de frio ou medo. Exemplo: Estava tão frio que o menino tiritava no colo da mãe / As crianças tilintavam os sininhos, alegremente.

Indicando horas

Quando usamos “horas” de forma abreviada, a letra “h” nunca deve ser escrita em maiúscula. Portanto, “14h” e nunca “14H”. Também não acrescentamos nenhum “s”, mesmo no plural. E, ainda, se indicamos um hora exata, não é necessário acrescentar dois zeros após os pontos. Sendo assim, “08h” e não “08:00h”.

Para mencionar os minutos, são usadas duas formas, sendo elas “20h30” ou “20h30”. A abreviação não é permitida quando as horas indicam extensão ou duração de tempo. Exemplo: Ele ficou lá por duas horas.

Menos/Menas

“Menas” não existe! Então, o “menos”, um advérbio não flexível, deve ser usado no singular e plural, em substantivos femininos e masculinos. Exemplos: menos amigos, menos gente.

Anexa/Anexo

Os dois estão corretos, pois “anexo” é um adjetivo flexível quanto ao número e gênero. Exemplos: cartas anexas/imagem anexa/texto anexo/documentos anexos

Obrigada/Obrigado

A forma de cumprimento, mais precisamente um agradecimento, varia conforme o gênero do falante. Se mulher, “obrigada” e, se homem, “obrigado”.

Janta/Jantar

“Janta” é a conjugação do verbo “jantar” na 3a pessoa do singular no presente do indicativo. Exemplo: Ele janta em casa todos os dias.

“Jantar”, além do verbo no infinitivo, funciona como o substantivo da refeição. Portanto, o correto não é falar “a janta está pronta”, mas “o jantar está pronto”.

Siclano/Sicrano

A palavra “sicrano” é a grafia correta, indicando a segunda pessoa de uma tríade de desconhecidos. Exemplo: Fulano, sicrano, beltrano.

Como escrever os meses do ano

Os meses do ano devem ser escritos com letra minúscula, com exceção daquelas que indicarem nomes próprios, como endereços.

Mim/Eu

Uma dúvida que sempre aparece é quanto à inclusão do “mim” e “eu”. Veja as regras para esclarecer isso de uma vez por todas!

  • mim não conjuga verbo e sempre é precedido de uma preposição, pois é quem recebe a ação. Exemplos: Ela mandou eu fazer o trabalho / Ela mandou o trabalho para mim.
  • entre eu e ele; entre mim e ele: o correto é usado “entre mim e ele”, devido ao acompanhamento da preposição. Caso contrário, o certo é mencionar “entre ele e eu”.
  • no final de frase, depois de preposição, JAMAIS use “eu”. O pronome pessoal é o sujeito e deve vir acompanhado do verbo. A exceção é quando o “eu” vier precedido de um verbo de ação. Parece confuso, não é? Mas, veja os exemplos:

– Isso foi entregue para mim

– Ela entregou o trabalho para eu fazer.

– Ela me alertou para eu não escutar o que diziam sobre mim.

Como cai na prova?

Prova: Assistente Administrativo II

Órgão: Emater-MG

Banca: Gestão Concurso

Ano: 2018

Leia a conversa entre os personagens da história em quadrinhos a seguir e complete corretamente as lacunas com a grafia do porquê correspondente.

A sequência que preenche corretamente as lacunas do diálogo é

a) por quê / porque / por que / porquê
b) porque / por quê / porquê / por que
c) por que / porquê / por que / porque
d) porquê / por quê / por que / porque




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