Desde de 1994, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realiza a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, de modo a estipular qual seria o valor ideal para o salário mínimo. Esse valor seria o suficiente para arcar com as despesas do trabalhador e de sua família, incluindo gastos com moradia, saúde e educação.
Em abril deste ano, o valor da cesta básica subiu nas 18 capitais analisadas por essa pesquisa, realizada pelo Dieese. As altas mais expressivas foram registrados nas cidades de Campo Grande (MT) com 10,07%, São Luís (MA) com 7,10% e Aracaju (SE) com 4,94%.
Já os maiores aumentos ocorreram em Vitória (ES) com o percentual de 23,47%, seguida por Recife (PE) com 22,45%. Já o menor aumento foi observado na cidade de Florianópolis (SC), com a alta de 5,35%.
Entretanto, a cesta mais cara continua sendo a de São Paulo (SP). O valor da cesta na cidade é, em média, de R$ 522,05. O segundo lugar fica para a cidade do Rio de Janeiro (RJ), na qual a cesta custa R$ 515,58. O ranking é seguido por Porto Alegre (RS) com o valor e R$ 499,38.
Assim, no período da pesquisa, as cestas mais baratas são as de Salvador(BA), no valor de R$ 396,75, seguida por Aracaju (SE) com a cesta custando R$ 404,68. Porém, mesmo com o valor mais baixo, todas as cidades analisadas aumentaram os valores durante os primeiros quatro meses do ano.
Salário mínimo ideal
De acordo com a cesta mais cara do país, da cidade de São Paulo, o valor ideal para o salário mínimo em abril, seria de R$ 4.385,75. Com esse valor, o trabalhador conseguiria arcar com as despesas de sua família, incluindo:
- Alimentação;
- Saúde;
- Moradia;
- Educação;
- Higiene;
- Vestuário;
- Transporte;
- Previdência;
- Lazer.
Assim, esse valor equivale a 4,39 vezes o valor do atual salário mínimo, de R$ 998,00. Já em março, o calculo resultou em R$ 4.277,04, equivalente a 4,29 vezes o salário mínimo atualmente pago. Já em 2018, o valor necessário encontrado foi de R$ 3.696.59, o que valia 3,88 vezes o valor so salário mínimo da época, de R$ 954,00.
O reajuste do salário mínimo é calculado pelo INPC, índice que mede a inflação sofrida pela população mais pobre, mais a variação do PIB dos dois anos anteriores ao cálculo. Essa medida foi criada pelo governo Lula, virando lei em 2012 e expirada esse ano.
Além disso, o governo Bolsonaro enviou para o Congresso, em abril, seu orçamento do salário mínimo de R$ 1.040 para 2020. Esse valor é resultante do salário atual mais a variação do INPC, estimada em 4,2%.
Entretanto, o governo nega que essa seja uma política permanente para o valor do salário mínimo. O novo salário seria definido apenas em dezembro de 2019. Já a oposição se articula para garantir que essa regra continue valendo.
Dessa forma, o economista Carlos Eduardo Gonçalves levanta o seguinte questionamento: Será que as pessoas continuariam empregadas caso o salário mínimo ideal fosse aplicado? Ou seriam mandadas embora pois sua contribuição para o produto final não vale esse preço?