Retrospectiva 2019: Top 5 das fraudes mais absurdas nos Concursos Públicos

Alteração de gabarito, mudança de características físicas, prova coletiva e ligação anônima são algumas das tentativas drásticas em burlar um processo seletivo.



O final do ano vai chegando e junto com ele a nostalgia de tudo que aconteceu ao longo dos doze meses. Nesse clima de lembranças, as pessoas aguardam ansiosas a edição da retrospectiva 2019, e isso não poderia ser diferente no âmbito dos concursos públicos

Mas, ao invés de apresentarmos os melhores concursos realizados, os processos com maior concorrência ou os salários mais bem pagos, vamos listar o top 5 das fraudes mais absurdas nos certames deste ano.

No entanto, além de ficar indignado com a criatividade e a audácia nas diferentes circunstâncias, aproveite para se divertir com os casos e aprenda o que nunca fazer em uma seleção pública. 

Vale destacar que essas narrativas dariam um belo filme de comédia, pois se tem uma coisa que o brasileiro sabe fazer é rir de si mesmo e dos seus problemas.

1- Candidato pinta o rosto e usa lente escura para conseguir vaga de  cotista

Lucas Soares Fontes, 24 anos, branco e de olhos claros, pintou o rosto e usou lentes escuras para pleitear um vaga de técnico do seguro social, como cotista negro, de um concurso público do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na Agência de Além Paraíba (MG).

Apesar do concurso público ser de 2016 e ele ter chegado a tomar posse, o servidor foi exonerado do cargo de Técnico em Seguro Social, do Instituto Nacional de Seguro Social, em Juiz de Fora, no ano vigente. 

Isso porque a investigação teve início em 11 de outubro de 2018, após uma denúncia anônima, sendo concluída só sete meses depois, em 21 de maio de 2019. Nove dias depois a sua dispensa foi publicada no Diário Oficial da União.

Depois de ter recebido a notificação do órgão, Lucas Soares escreveu um e-mail para a Divisão de Desenvolvimento de Carreiras, do INSS, informando que na sua certidão de nascimento constava a cor “parda”.

Ademais, alegou possuir documentos que comprovam a participação em vários processos seletivos por meio de cotas. E que, inclusive, foi aprovado e homologado, como é o caso da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde ingressou no curso de Direito, pelo sistema de cotas destinados a alunos negros ou pardos, e se formou, no segundo semestre de 2017.

O candidato foi indiciado pelo crime de falsidade ideológica, artigo 299 do Código Penal, prevendo a pena de um a cinco anos de reclusão. Isso por ter adulterado informação relevante sobre um fato juridicamente relevante relativo a sua pessoa, com fim de obter vantagem em relação a isso.

2- Segundo colocado se passa por militar da comissão do processo seletivo, entra em contato com o primeiro colocado e diz que teste foi cancelado

Um homem foi condenado por tentativa de fraude em um concurso para sargento técnico temporário do Exército Brasileiro, em Fortaleza (CE), há dois anos. 

Na ocasião, o candidato (segundo colocado) se passou por um militar da comissão do processo seletivo e ligou para o primeiro colocado do certame alegando que a data do exame de aptidão física havia mudado de dia. Com isso, o concorrente perdeu o exame físico e foi eliminado.

Contudo, o indivíduo prejudicado relatou o fato à comissão do concurso, descrevendo que se recordava até de ter emprestado o celular para o suspeito no dia em que realizavam outra fase. O ato foi comprovado assim que realizada a quebra do sigilo telefônico do acusado. 

Assim, no dia 12 de novembro de 2019, o Superior Tribunal Militar (STM) condenou o réu na primeira instância da Justiça Militar da União (JMU), pelo crime de estelionato – artigo 251 do Código Penal Militar (CPM). O réu foi denunciado pelo Ministério Público Militar (MPM) e deverá cumprir pena de um ano de reclusão.

3- Alteração no cartão de resposta aumenta nota de candidatos de concurso para o Consórcio Intermunicipal de Saneamento Ambiental (Consab)

Parecer do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP), sobre a Operação Apaniguados, aponta quatro exemplos de supostas fraudes em concursos públicos.

Entre elas, consta o caso da candidata a pleitear o cargo de assistente técnico da Prefeitura de Holambra (SP), que, no cartão resposta original, alcançou 39 pontos e ao ser alterado mudou para 77 pontos.

Outra suposta irregularidade é da atual chefe de divisão 2 do Consórcio Intermunicipal de Saneamento Ambiental (Consab). A candidata havia computado 60 acertos para a vaga de auxiliar administrativo, mas com a modificação garantiu 81 pontos. Assim, avançou 79 posições e conseguiu se classificar em quarto lugar.

O Gaeco também descobriu um candidato beneficiado pelo processo da empresa, em Artur Nogueira. No gabarito, foram destacados em cor vermelha os acertos que deveriam ser elencados aos candidatos.

Os cartões resposta foram localizados na residência da sócia da Orhion Consultoria, empresa que organiza concursos públicos. 

A fraude se baseia na substituição dos cartões originais por outros, preenchidos pelos organizadores com a quantidade de acertos necessários para que os candidatos fossem aprovados.

4- 17 irregularidades em concurso para Prefeitura de Alagoinhas (BA)

O concurso da Prefeitura de Alagoinhas, no Nordeste baiano, foi cancelado depois da notificação de 17 irregularidades ao Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA).

Entre elas, está o não recolhimento dos relógios e aparelhos celulares dos candidatos. Ao contrário, cada um recebia dos fiscais um saco plástico, sem lacre, semelhante aos de supermercado e guardava os seus objetos pessoais.

Além disso, os celulares permaneceram ligados durante as provas, permitindo até que eles conseguissem fotografar o exame. A negligência também estava na autorização de ida ao banheiro sem o acompanhamento dos fiscais, possibilitando consultas para responder às questões.

Ainda quanto a realização da prova, houve atrasos e tumultos, tendo que a polícia ser acionada. E em outros casos, sugeriu-se até de ser feita em uma mesa redonda, de plástico, e em grupo. Sem contar que havia apenas um tipo de prova, e a mesma aplicada pela manhã foi aplicada no período vespertino.

5- Professor de cursinho vaza edital de concurso para a Polícia Civil do DF, em rede social

O professor de um cursinho preparatório foi indiciado pela Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor), da Polícia Civil do Distrito Federal, por fraude em certame.

O indivíduo é suspeito pelo vazamento do edital de concurso para escrivão. Ele tinha divulgado trechos em sua rede social, pela madrugada, antes mesmo de ser publicado no Diário Oficial da União, o que foi feito apenas pela manhã do dia 5 de dezembro.

No dia 16 de dezembro, a polícia cumpriu os mandados de busca e apreensão na casa do professor e no cursinho, cujo qual é sócio. Dos espaços foram apreendidos smartphones e computadores. 

Autora: Lidianne Porto

Veja também: As maiores fraudes em concursos públicos da história recente




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