Filme da Netflix “El Camino: A Breaking Bad Movie” vai te deixar sem fôlego

Filme superou números de audiência do fim da série.



Conhecido por ter uma mente consagrada que raramente erra, Vince Gilligan acertou novamente ao idealizar o filme “El Camino: A Breaking Bad Movie” (2019). O filme, que chegou seis anos depois do fim da série, possui linguagem e características de Gilligan já conhecidas pelo público, é simples e direta, com diálogos econômicos, no tom do humor, e uma escolha muito pontual de personagens.

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O personagem principal, Jesse, carrega consigo a responsabilidade da morte trágica de Jane na terceira temporada da série, e esse é o martírio dele. O filme não poderia lidar com outro tema, senão o acerto de contas sobre esse peso. Gilligan faz com que a história de sofrência se torne a morbidez crônica de Breaking Bad, fazendo com que Jesse tome de fato o seu papel de protagonista: o último inocente em um mundo cheio de insensibilidade.

El Camino problematiza a autopiedade de Jesse sem demorar muito, e o resultado vem como um arco de redenção muito efetivo que se passa nas sutilezas, como quando ele apenas assiste ao desembarque das prostitutas sem demonstrar reação.

Este filme é muito esperto quando combina o arco dramático com o humor que revelam a ingenuidade do suposto malandro, primeiro engando os “policiais”, depois mostrando a cena da loja e depois a sua “confissão” de ingenuidade para os pais.

O momento de virada do filme é muito aparente e se mostra com o auge da problematização da autopiedade, situação em que Jesse escuta alguém dizer, finalmente, que “se ele quer piedade procure a polícia”. Sua entrega é muito seca e direta, conforme o estilo do ator Robert Forster. O diretor enquadra os dois atores diante de uma porta contraluz; fazendo com que aquele momento seja definido apenas pelo halo de luz.

O desfecho da história acontece em uma nota que não tem nada a ver com o arco de Walter White, uma vez que o protagonista da série era justamente a capacidade que o protagonista tinha de transformar e moldar o mundo ao redor à sua semelhança.

O deserto do México mostra o fim de Jesse, que descansa num espaço horizontalizado sem fim, um lugar também aberto a qualquer tipo de imprevisto, só que sem o fator visível da crueldade humana que desequilibra a fatura.




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