O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a taxa básica de juros da economia (Selic) para 9,25% ao ano, trazendo de volta a Taxa Referencial (TR). Zerada desde 2017, ela impacta o rendimento da caderneta de poupança e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), mas encarece alguns tipos de financiamento imobiliário.
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Economistas acreditam que o impacto da Selic na TR surge quando a primeira ultrapassa os 8,5%. Embora a notícia seja boa para quem poupa dinheiro, ela é ruim para quem tem alguns contratos de financiamento da casa própria.
“Não se pode saber o rendimento exato da caderneta sem a nova TR, que só é calculada e divulgada pelo Banco Central”, diz o economista e professor José Dutra Vieira Sobrinho, que aposta na alta da TR a partir desta quinta-feira, 9.
O BC define a Taxa Referencial diariamente com base nas taxas de juros das Letras do Tesouro Nacional. O ritmo dos juros desses papéis nos 30 maiores bancos do país, nos últimos cinco dias do mês, são a base para calcular a TR. Por variarem de acordo com a Selic, eles impactam a taxa.
O impacto prático da mudança só será sentido a partir de janeiro. “Vai disparar o gatilho da TR e vamos ter uma elevação, mas só a partir do mês que vem, quando sai a taxa mensal”, afirma Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Impacto na poupança, FGTS e financiamentos imobiliários
A caderneta de poupança atualmente tem rentabilidade de 0,5% ao mês mais TR. A partir do próximo mês, quem poupa dinheiro poderá a ver a diferença no retorno. Vale lembrar que, pela regra, a poupança rende o equivalente a 70% da taxa básica mais TR quando a Selic está abaixo de 8,5%.
Para trabalhadores que têm dinheiro nas contas do FGTS, o aumento na TR também significa mais rendimento. O Fundo de Garantia rende 3% ao ano mais TR. Também é possível que o lucro distribuído anualmente fique maior.
A mudança na taxa também afeta financiamentos imobiliários que estão ligados a ela. As parcelas de contratos de imóveis que fazem parte do SFH (Sistema Financeiro de Habitação), da Caixa Econômica Federal, ficarão mais caros com a volta da TR.