O anúncio da alta nos preços dos combustíveis na última quinta-feira, 10, pela Petrobras fez aumentar não só o risco de greve dos caminhoneiros, mas também por parte da categoria dos motoristas de aplicativo, como Uber e 99. Segundo eles, o reajuste inviabilizará o modelo de trabalho, que ficará cada vez menos rentável.
Leia mais: Auxílio-gasolina: Tire suas dúvidas sobre quem recebe, qual o valor e como se cadastrar
É o que afirma o presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), Eduardo Lima, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo. Segundo ele, a ideia de uma possível paralisação já está em discussão com a categoria de caminhoneiros e entregadores.
Além da interrupção das atividades, a subida nos preços da gasolina (18,8%), diesel (24,9%) e gás de cozinha (16,1%) também desencoraja que motoristas parceiros continuem rodando nas ruas, provocando uma espécie de debandada de profissionais e uma consequente queda no número de carros circulando pelo aplicativo.
“Não tem como o motorista se sustentar tendo em vista que a gasolina está mais cara que a corrida. Motorista vai ter que tirar dinheiro do bolso para o passageiro chegar no seu destino”, diz Eduardo Souza.
Apps de corrida sob ameaça
De acordo com presidente da Amasp, o modelo de negócios das corridas por aplicativo está baseado no esforço do motorista: quanto mais horas ele trabalhar, mais ele conseguirá lucrar.
Entretanto, a alta nos combustíveis fará com que ele tenha que rodar mais para conseguir o mesmo valor. Com isso, o desgaste físico e financeiro em relação ao reajuste d horas trabalhadas pode beirar o impraticável.
Por tudo isso, o presidente da Amasp declarou dizendo que as duas principais empresas do segmento de mobilidade urbana, a Uber e a 99, estão dialogando com os profissionais na tentativa de minimizar as consequências da alta dos combustíveis. Por outro lado, ambas as companhias temem que isso não seja o bastante.
“Digo isso em comparação ao auxílio Covid lançado pelas plataformas. O motorista que contraísse Covid recebia um auxílio. Isso teve um prazo, não durou muito tempo. A pandemia ainda não acabou, motoristas ainda estão contraindo Covid-19 e não podem mais contar com o auxílio, porque não tem mais esse programa”, concluiu Lima.