Os papéis da Petrobras caíram 9,8% resultando em uma perda de R$ 30 bilhões em valor de mercado em um único dia. Isso aconteceu por conta da aprovação na Câmara de um projeto lei que facilita a indicação de políticos para a presidência de estatais. Outras empresas públicas também tiveram queda na bolsa com a aprovação na última terça-feira (13).
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Os deputados aprovaram a mudança na Lei das Estatais, nascida em 2016 após escândalos na Petrobras, também conhecido como “petrolão”. Foram 314 votos a favor e 66 contrários.
Coincidentemente, a estatal foi a que mais perdeu valor durante o dia. Entretanto, as perdas tem sido uma constante para a Petrobras: desde outubro, a petroleira já “encolheu” R$ 219 bilhões. Esse é quase o valor da Ambev, que vale R$ 238 bilhões.
O que muda com a proposta dos deputados?
O projeto aprovado pelos deputados reduz a quarentena de indicados aos Conselhos de Administração e diretoria de estatais pessoas que participaram da estruturação e campanhas eleitorais. O prazo, que era de 36 meses (3 anos) foi reduzido para 30 dias no texto aprovado.
Vale lembrar que Aloizio Mercadante foi anunciado como o novo comandante do BNDES no governo Lula, mesmo depois de ter atuado como coordenador da campanha do presidente eleito.
Na opinião de especialistas, o mercado teme qualquer sinal de enfraquecimento da legislação, que era considerada um avanço na gestão técnica e qualificada de estatais. Isso explica a queda tão brusca no valor dos papéis da Petrobras em um dia.
O que diz o mercado após a Petrobras perder R$ 30 bilhões?
O mercado ficou agitado com a votação. Na avaliação do banco Goldman Sachs, as mudanças reforçam o cenário de aumento de riscos envolvendo uma estatal que já tem histórico de corrupção. “No curto prazo, o estatuto da Petrobras protege a empresa de intervenções nas suas políticas de preços e dividendos, mas no longo prazo a visibilidade permanece baixa por conta das incertezas sobre o encaminhamento do novo governo com a estratégia da companhia”, destacam os analistas do banco em relatório.
Entretanto, analistas do BTG Pactual ponderam que a lei não conseguiu proteger totalmente a estatal de interferências recentes. Apesar disso, a mudança é um sinal claro de que a estratégia da empresa pode ser menos apoiada por critérios técnicos daqui para frente.
O texto ainda vai passar por votação no Senado.