Morreu na última terça-feira, 20, Maya Ruiz-Picasso, filha do pintor Pablo Picasso e da modelo Marie-Thérèse Walter. Segundo comunicado divulgado por um advogado próximo, ela faleceu “pacificamente” e “cercada por sua família”.
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Maya era especialista na obra do pai e teve destaque após realizar importantes doações à França. A mais recente foi em setembro de 2021, quando o Museu Picasso de Paris recebeu nove quadros, entre eles o “Menino com pirulito sentado embaixo de uma cadeira”. A pintura foi feita logo após “Guernica”, em 1938.
Ela nasceu nos arredores de Paris no dia 5 de setembro de 1935, fruto do relacionamento de Picasso iniciado oito anos antes com Marie-Thérèse Walter, que na época em que se conheceram tinha apenas 17 anos. Ela é irmã de Paul, nascido do casamento anterior do pintor com Olga Khokhlova e falecido em 1975.
Célebre por ter sido representada pelo pai em diversas obras, está retratada, por exemplo, na tela “Maya com um barco”, de 1938. Outras esculturas e pinturas também são focadas na primeira filha do artista.
Em 1944, Picasso conheceu a amante Françoise Gilot, com quem foi viver no sul de França e teve mais dois filhos: Claude e Paloma. Apesar de um desentendimento na época, Maya continuou visitando o pai até sua morte, em 1973.
Herança no centro de polêmicas
Multimilionária, ela era uma dos cinco herdeiros da fortuna de Picasso, ao lado de Claude, Paloma, Marina e Bernard, esses dois últimos filhos do falecido Paulo. Desde 1996, Claude Picasso é administrador legal do patrimônio do pai, tendo sido apontado por um tribunal francês.
Em janeiro de 2016, Maya se envolveu em uma polêmica ligada ao busto de Marie-Thérèse Walter, peça-chave da exposição Esculturas de Picasso do Museu de Arte Moderna. Conhecida como “Busto de Uma Mulher”, a obra foi vendida ao mesmo tempo a dois compradores.
O primeiro comprador pagou cerca de 37 milhões de euros, enquanto o segundo desembolsou 94 milhões de euros. A disputa para decidir quem fica com a peça segue em tribunais dos Estados Unidos, Suíça e França.
Após o desentendimento, os outro quatro herdeiros (com exceção de Maya) publicaram uma carta explicando que, no novo procedimento para autenticar peças de Picasso, somente a opinião de Claude seria “oficialmente reconhecida”. Mais tarde, ela contou que só soube do documento após sua divulgação.
Legado de Picasso
Um dos artistas mais prolíficos do mundo, Picasso não deixou testamento, mas sim 45 mil obras que levaram a um acordo de cerca de 27 milhões de euros entre os herdeiros. São nada menos que 1885 quadros, 1228 esculturas, 7089 desenhos, 30.000 impressões, 150 esboços e 3.222 trabalhos em cerâmica.
O artista também trabalhou em livros ilustrados, peças em cobre e tapeçarias, além de ter deixado dois châteaux e três casas. Em 1980, a fortuna do pintor espanhol foi estimada em 222 milhões de euros, mas hoje já deve valer bilhões.