Há uma semana, uma declaração dos presidentes de Brasil e Argentina sobre a criação de uma moeda comum entre os dois países ganhou os noticiários. A ideia de lançar o “peso-real” recebeu alguns elogios, mas também muitas críticas de nomes de peso.
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Um dos críticos é o Paul Krugman, norte-americano ganhador do prêmio Nobel de Economia em 2008. Segundo ele, a implementação de uma moeda comum entre Brasil e Argentina é uma “ideia terrível”.
“Não sei quem teve essa ideia, mas certamente não foi alguém que soubesse alguma coisa sobre economia monetária internacional”, afirmou o economista no Twitter.
Parte da crítica de Krugman é resultado do formato digital da moeda, já que ele é conhecido por não ser adepto a criptomoedas e ativos digitais em geral. “Uma moeda compartilhada pode fazer sentido entre economias que são os principais parceiros comerciais um do outro e que são semelhantes o suficiente para que não enfrentam grandes choques assimétricos”, seguiu.
Esse não é o caso nesta situação. O Brasil vende 4,2% do seu volume total de exportações para a Argentina, que por sua vez exporta 15% para cá. Segundo o economista, a estrutura é muito diferente.
“As exportações argentinas são basicamente todas agrícolas. Mais da metade das brasileiras são manufaturas ou combustíveis. Então choques na economia mundial provavelmente causariam grandes mudanças na taxa de câmbio real de equilíbrio”, pontuou.
Qual o plano?
No início da semana passada, presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Alberto Fernández (Argentina) anunciaram a realização de estudos para criação de uma moeda sul-americana comum. O objetivo é facilitar transações comerciais e financeiras, “reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa”.
A decisão antecipada no jornal argentino Perfil foi oficializada durante visita de Lula a Buenos Aires, mas causou certa confusão.
Diferença entre moeda comum e única
Muita gente entendeu que o plano é adotar uma moeda única, como acontece na Europa com o euro. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou essa “unidade comum para as transações entre os países” não vai substituiras moedas oficiais dos países, o real e o peso.
Uma moeda comum serve para ser utilizada em transações bilaterais entre países, mas não substitui moedas nacionais. Já uma moeda única é adotada oficialmente por duas ou mais nações, como é o caso do euro, utilizado em Portugal, Alemanha, França e outros.
A terminologia é importante porque as implicações desses dois tipos na economia são muito diferentes.