A repórter Veruska Donato atuou na TV Globo de 2000 a 2021, se tornando conhecida em todo o país ao apresentar diversas reportagens. O que muitos não imaginavam é que a jornalista tivesse entrado na Justiça contra a emissora na última semana. O processo em questão é para a cobrança de supostas dívidas trabalhistas.
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O que chama atenção é que, além disso, também há uma acusação séria: a de ter sofrido assédio moral ligado à sua aparência, um fato que a fez desenvolver a Síndrome de Burnout. A ação tem o valor total de R$ 13 milhões.
No processo, a ex-repórter da Globo pede reconhecimento do vínculo empregatício entre 2001 a 2019, período no qual foi contratada como pessoa jurídica, não pelo regime CLT.
Após afastamento, jornalista foi demitida
Entre os anexos da ação, está o atestado emitido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que afirmava a incapacidade da repórter de seguir trabalhando, o que a fez ficar afastada por 77 dias. O problema é que apenas cinco dias após retornar para a emissora, Veruska foi demitida.
A repórter ainda afirma que as jornalistas eram cobradas em relação ao vestuário e à aparência. Outro anexo mostra um e-mail enviado por Cristina Piasentini, então diretora de jornalismo da Globo São Paulo em 2011. No corpo do texto, a diretora cobra o uso de roupas comportadas, que não marcasse “estômagos avantajados” ou “barrigas persistentes”.
“No caso da reclamante, que se aproximava dos 50 anos de idade (após 20 anos de trabalho), a situação se agravou nos últimos anos da contratualidade, por causa do etarismo praticado pelos prepostos da ré, havendo críticas de chefes e do setor de figurino do jornalismo quanto a qualquer flacidez, ruga ou gordura considerada fora do lugar”, aponta o texto do processo.
Globo teria tido atitudes ilegais com a vítima
Na ação, Veruska Donato e seus advogados afirmam que a TV Globo realizou uma manobra fraudulenta. A emissora teria contratado a jornalista com carteira assinada em 2001 e teria a demitido em 2002. Um dia após demitir Veruska na carteira, a recontratou por meio de um contrato de prestação de serviço como pessoa jurídica.
Mesmo sendo contratada como PJ, a repórter tinha compromissos que estabeleciam vínculo empregatício: trabalhava exclusivamente para a emissora, recebia advertências e acatava ordens.
Inclusive, um dos anexos do processo é um e-mail da então chefe de redação, Ana Escalada. No texto, Ana cobrava que a jornalista tivesse “mais envolvimento”, assim como os seus colegas César Galvão e Walace Lara.
A defesa de Donato ainda alega que a demissão logo após o seu período de afastamento é ilegal. Vale ressaltar que a lei prevê a estabilidade de um ano para o trabalhador em caso de licença por doença ocupacional. Por fim, Veruska pede indenização por danos morais e doença ocupacional, além da constituição do vínculo empregatício.