A Caixa Econômica Federal anunciou que não continuará oferecendo empréstimos consignados para beneficiários do Auxílio Brasil. Mesmo com a regulamentação estabelecida pelo governo Lula no início deste mês, o banco decidiu “retirar o produto de seu portfólio”.
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A oferta do crédito estava interrompida desde o dia 12 de janeiro para reavaliação da questão dos juros. A instituição é responsável pela maior parte dos contratos fechados desde a criação da modalidade.
“A CAIXA informa que os estudos técnicos sobre o Consignado Auxílio foram concluídos e o banco decidiu retirar o produto de seu portfólio. A linha de crédito estava suspensa desde o dia 12 de janeiro para revisão”, informou o banco.
Antes da suspensão, a instituição cobrava taxa de juros de 3,45% ao mês, pouco abaixo do teto de 3,5% autorizado pelo governo Bolsonaro. O beneficiário poderia comprometer até 40% do valor do benefício com a contratação, enquanto o prazo máximo para pagamento da dívida era de 24 meses.
No início de fevereiro, o governo anunciou novas regras para tentar reduzir os possíveis prejuízos do consignado do Auxílio Brasil (hoje Bolsa Família). Entre as medidas estavam a redução da margem consignável para 5%, dos juros para até 2,5% ao mês e do número de parcelas para até seis.
Ainda segundo o banco, não haverá mudança nos contratos que já estão ativos. “Para os contratos já realizados, nada muda. O pagamento das prestações continua sendo realizado de forma automática, por meio do desconto no benefício, diretamente pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS)”, afirmou.
Operação “não se paga”
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, a presidente da instituição, Rita Serrano, afirmou que a operação “não se paga” com as novas regras anunciadas pelo governo. Ela também deixou claro que não haverá perdão das dívidas com recursos do banco.
“Com as novas regras, a operação não se paga. Além disso, esse produto teve um cunho eleitoral, a Caixa foi o banco que mais ofertou crédito, com R$ 7,6 bilhões. É uma excrescência. Não posso ofertar crédito em um auxílio para uma pessoa se alimentar. Na minha opinião, isso tem de ser anulado”, disse Serrano.
Sobre a inadimplência, a executiva afirmou apenas que espera alguma, “mas no cálculo dos juros, isso já foi avaliado”.