O Banco Central do Brasil começou na última semana o projeto-piloto do real digital, uma versão da moeda brasileira. Apesar de ser digital, ela não será uma criptomoeda. O que esperar então, do “dinheiro do futuro” brasileiro?
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Apesar do nome real digital ser utilizado para falar da moeda, ela terá duas versões no seu sistema: uma de atacado (de mesmo nome), que será usada para pagamentos entre o BC e instituições financeiras, e uma de varejo (chamada real tokenizado), que será emitida pelo mercado e utilizada pelo consumidor final.
Com isso, o real tonekizado vai permitir que as pessoas façam a transação direta com a moeda digital. Vale lembrar que a moeda digital brasileira será regulada e, portanto, o seu valor será sempre o mesmo: um real digital equivale a R$ 1.
“O real digital é a emissão de uma moeda que precisa ter custódia pelas instituições e uma paridade entre o digital e o dinheiro físico. Não pode emitir se você não souber que tem uma reserva correspondente, por exemplo. A ideia do BC não é criar um novo sistema, mas complementar o que já existe. Criar uma nova forma de dinheiro”, explica Yuri Nabeshima, head da área de inovação do escritório VBD Advogados.
Como irá funcionar e qual o cronograma do real digital?
Até o momento, o sistema está em seu projeto-piloto, focado no desenvolvimento da infraestrutura para a criação da moeda digital.
Nesse momento, todas as transações são simuladas com a participação do BC e de agentes do mercado. Isso garante que os testes necessários sejam realizados antes de a moeda ser implementada oficialmente.
Confira o cronograma oficial até o momento:
- Abril de 2023: O BC fará um workshop com participantes do mercado para discutir as diretrizes do piloto.
- Maio de 2023: BC vai selecionar as instituições financeiras que vão participar ativamente do projeto piloto. Ainda não há regras para definir quem serão os selecionados.
- Dezembro de 2023: A expectativa é de que o real digital e o real tokenizado estejam bem desenvolvidos.
- Fevereiro de 2024: Começam os testes de compra e venda de ativos do Tesouro Nacional com o real digital.
- Março de 2024: Início da avaliação final do projeto-piloto para entender o que funcionou e o que precisa ser aprimorado.
- Final de 2024 (sem data definida): Lançamento aos brasileiros. O BC diz que é uma previsão e que o projeto pode atrasar caso precisem realizar mais testes.
Mas afinal, o dinheiro “vivo” vai deixar de existir? A expectativa dos especialistas é que a circulação de dinheiro diminua, mas não suma completamente. Isso é uma tendência que já tem sido observada conforme a adesão do Pix, por exemplo.