Mudança no preço dos combustíveis deve beneficiar consumidores, mas irrita Petrobras

Ministro Alexandre Silveira fala sobre alteração na política de preços da estatal e desagrada a alta cúpula da empresa.



O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou em entrevista que a política de preços da Petrobras será alterada após a eleição do novo conselho da empresa. As declarações desagradaram a alta cúpula da estatal, que as encararam como um ataque da pasta.

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Segundo Silveira, o novo modelo será o PCI (preço de competitividade interna), que pode reduzir o custo do diesel em até R$ 0,25 por litro. Ele afirmou também que a Petrobras tem função social e deve amortecer as oscilações bruscas nas cotações do petróleo no exterior.

Na última sexta-feira, 3, a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados) anunciaram cortes adicionais na produção do insumo. A decisão pode elevar o preço do barril a 100 dólares (R$ 508), além de apertar o mercado e reduzir os ganhos das refinarias.

“O preço de paridade de importação [adotado atualmente] é um verdadeiro absurdo. Nós temos que ter o que tenho chamado de PCI, que é o preço de competitividade interna”, afirmou o ministro.

Ele disse respeitar o comando da Petrobras e sua natureza jurídica, mas pontuou que a empresa é controlada pela União e “tem que trabalhar cumprindo a sua função social”. “Temos que rapidamente fazer essa discussão. A Petrobras já está orientada nesse sentido”, completou.

Intromissão

A mudança na política de preços da estatal é uma das prioridades do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas as declarações inesperadas do ministro surpreenderam a direção e o conselho de administração da companhia.

Após a entrevista, fontes afirmam que os executivos apontaram a ingerência do governo na empresa. No mesmo dia, a Petrobras divulgou uma nota afirmando que “não recebeu nenhuma proposta do Ministério das Minas e Energia” e eventuais mudanças na política de preços “serão comunicadas oportunamente ao mercado, e conduzidas pelos mecanismos habituais de governança interna da companhia”.

Qualquer alteração no modelo atual adotado pela companhia precisa ser avaliada pela diretoria e aprovada pelo conselho. O regimento demanda ainda a divulgação da novidade ao mercado em fato relevante, garantindo a isonomia no acesso a informações.

O ministro acredita que o processo não será um problema. “Eu tenho absoluta certeza que o presidente Jean Paul atenderá a demanda do acionista majoritário, que é a União — portanto, o povo brasileiro, nas questões fundamentais, que são as questões sociais do Brasil”, finalizou.




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