A disputa entre os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pode ter um resultado inesperado. O atrito pode levar ao despejo de ex-deputados eleitos senadores que ainda vivem em apartamentos funcionais.
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A Câmara quer de volta as propriedades onde moram os parlamentares, já que segundo a Casa não há espaço suficiente para acomodar os atuais deputados. O comunicado foi encaminhado via ofício ao presidente do Senado.
A decisão afeta Romário (PL-RJ), Tereza Cristina (PP-MS), Davi Alcolumbre (União-AP), Laércio Oliveira (PP-SE), Efraim Filho (União-PB), Marcelo Castro (MDB-PI), Professora Dorinha (União-TO), Hiram Gonçalves (PP-RR) e Alan Rick (União-AC) e Eliziane Gama (PSD-MA).
Segundo Lucio Mosquini (MDB-RO), quarto-secretário e responsável pelo setor habitacional da Câmara, a devolução dos imóveis está decidida. “Já tomamos a medida”, disse.
Pacheco afirmou que vai negociar o acordo atual para manter os parlamentares onde estão. “De minha parte, manterei a situação atual e o convênio entre as duas Casas”, confirmou.
Em meio à rusga, Mosquini criticou a configuração atual. “Tornou-se público e notório que esta Casa não dispõe de imóveis funcionais suficientes para acomodar todos os deputados e seus familiares. Com aproximadamente 370 imóveis aptos para efetiva ocupação, a carência por apartamentos ultrapassa 100 unidades”, pontuou no ofício.
Contragolpe
Para balancear o jogo, os deputados que já foram senadores também serão despejados dos imóveis administrados pelo Senado. A lista tem apenas três nomes: José Medeiros (PL-MT), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Aécio Neves (PSDB-MG).
“Atualmente, 11 senadores ocupam apartamentos da Câmara dos Deputados, enquanto apenas três deputados residem em imóveis do Senado Federal. Este contexto de não reciprocidade numérica para todas as unidades ocupadas por senadores dificulta a manutenção de qualquer acordo entre as Casas para a cessão de imóveis aos nobres pares”, criticou o quarto-secretário.
A decisão é mais um capítulo da “rusga” entre Lira e Pacheco, envolvidos em uma disputa ligada ao processo de tramitação de Medidas Provisórias (MPs). O Senado quer recuperar o poder que tinha anteriormente à pandemia, mas a Câmara quer mantê-lo nas mãos dos deputados.