A frequência do fechamento de grandes varejistas nacionais é cada vez mais alta. Para se ter ideia, desde janeiro, já foram mais de 110 pontos comerciais, além do anúncio do encerramento das operações em outros cem, algo que está previsto para os próximos meses. Vale lembrar que esse número de lojas fechadas coincide com o processo de endividamento das empresas e com o aumento no número de pedidos de falência ou mesmo de recuperação judicial.
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Diante deste cenário, vale lembrar que só no primeiro trimestre deste ano, os pedidos de falência subiram em 44%. Também houve uma alta de 37,6% nos casos de recuperação judicial. Os dados são da Serasa Experian.
Grandes empresas dão adeus
Mesmo com as dificuldades financeiras, os grupos apontam o fechamento de lojas como parte de uma estratégia comum no varejo. Isso se justificaria apenas porque há uma reavaliação constante dos pontos de venda.
Vale lembrar que a primeira crise de 2023 veio com o caso das Americanas, que entrou em recuperação. Antes do processo, a marca tinha 1.863 lojas em todo o território nacional, além de 1.300 estabelecimentos das marcas BR Mania e Local, em parceria com a Vibra. De lá para cá, já passa de 20 o número de lojas fechadas.
Diante da crise, a expectativa é que o corte chegue a 4% das unidades ainda este ano, totalizando mais de 70 lojas.
Crise no crédito
Um fator a ser considerado é a dificuldade que as companhias enfrentam para a obtenção de empréstimo, que sempre teve juros altos. Ainda assim, a oferta tem sido cada vez menor. Na prática, tal ação atrapalha os planos de recuperação dos varejistas. Isso, porque os juros altos e a escassez de crédito estão diretamente ligados às decisões de fechamento dos estabelecimentos.
Outras empresas
A falha na gestão das empresas também precisa ser considerada como um fator decisivo quanto à crise que assola o varejo. A Renner, por exemplo, fechou 20 lojas. Foram quatro da própria marca, além de 13 da Camicado e três da YouCom. De toda forma, vale lembrar que, mesmo assim, houve um crescimento em comparação com o mesmo período em 2022, quando o grupo tinha 623 estabelecimentos.
No mesmo segmento, a Lojas Marisa já anunciou o fechamento de 51 pontos. Além delas, há a previsão de fechar outras 40 lojas nos próximos meses. A marca alega estar em processo de “revisão de seu modelo de negócio” e já acumula dívidas de mais de R$ 882 mil. Assim, três de seus credores já entraram com pedidos de falência da Marisa.
A Riachuelo anunciou o fechamento de sua loja conceito, localizada na rua Oscar Freire, em São Paulo. A marca conta com a administração da empresa Guararapes, que tem mais de 400 lojas. Assim como a Renner, a marca afirma que o fechamento da unidade está ligado à revisão da base de lojas, logo é um movimento “natural do varejo”.
Dez unidades da Centauro encerraram as atividades em janeiro deste ano. A Amaro, por sua vez, pediu recuperação judicial por dívidas de R$ 244,5 milhões. No varejo, outras marcas como, a Saraiva e Máquinas de Venda (Ricardo Eletro), também estão com pedido de recuperação judicial em aberto.