Uma nova onda de frio intenso e neve na Austrália tem levantado questões sobre seu impacto no Brasil. Afinal, existe algum risco de sermos impactados por também estarmos no Hemisfério Sul?
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O outono deste ano tem sido marcado por temperaturas muito baixas em vários estados australianos, atingindo níveis não vistos há décadas para esta época do ano em algumas cidades. A presença de um ciclone extratropical próximo à costa também provocou acumulação de neve em diferentes áreas do Sudeste da Austrália.
Em Sydney, no estado de Nova Gales do Sul, por exemplo, o resfriamento deste outono é o maior em doze anos e o segundo maior em 55 anos, de acordo com o serviço meteorológico WeatherZone.
A região de Darling Downs, em Queensland, também enfrentou temperaturas extremamente baixas, chegando a -5,7°C em Oakey e -5,1°C no aeroporto de Wellcamp. Essas temperaturas não eram registradas desde julho de 2019. Outras áreas da Austrália também experimentaram frio intenso, com temperaturas de -7,2°C em Glenn Innes e uma máxima de apenas 7,8°C em Canberra, a menor em 23 anos.
Esse resfriamento no país é atribuído ao fim do fenômeno climático La Niña e à influência de frentes frias intensas.
O outono com neve na Austrália vai afetar o outono brasileiro?
Embora a atmosfera se comporte em ondas e padrões que podem se refletir no Hemisfério Sul, não há indicações de que o frio intenso na Austrália tenha impacto imediato no clima do sul do Brasil e da América do Sul.
Modelos de previsão do tempo e clima mostram que a maior parte da América do Sul terá temperaturas acima da média nas próximas semanas. No entanto, espera-se que a região mais ao sul, como a região chilena de Magalhães e parte da Patagônia argentina, tenha temperaturas mais baixas que o normal.
Isso porque a Oscilação Antártica (AAO), um índice de variabilidade relacionado aos ventos e baixas pressões ao redor da Antártida, também influencia as condições climáticas na América do Sul. Atualmente, a AAO está em uma fase muito positiva, o que não favorece a entrada de ar polar nas latitudes médias do continente.
Portanto, a tendência é de que a temperatura se eleve e o ar mais quente predomine no Brasil durante a segunda metade de maio.
É interessante observar que, em 2021, a Austrália também passou por episódios de frio intenso no outono, enquanto o sul do Brasil experimentou seu principal evento extremo de frio apenas no meio do inverno, no final de julho, com queda de neve em vários estados da região sul.