Existem alguns consumidores que não perdem a chance de passar aquela comprinha no cartão de crédito, mas no fim do mês acabam percebendo que a dívida está enorme. Segundo dados do Banco Central, 84 milhões de pessoas estavam com saldo devedor no cartão em junho de 2022.
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O número representa um aumento de 31%, ou R$ 20 milhões, entre 2019 e o ano passado. O saldo devedor é o valor acumulado e ainda não pago pelo cliente, referente a transações parceladas ou não.
O levantamento da autarquia mostra que 54% dos usuários deviam o cartão de crédito em apenas uma instituição financeira. Outros 25% tinham débitos em dois bancos, enquanto 20% precisam pagar três ou mais empresas diferentes.
Explicação para o aumento
Professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília, Cesar Bergo explica que o motivo do aumento desse percentual está ligado à chegada dos bancos digitais no país. Nos três anos apurados, a base de clientes das instituições digitais cresceu em 27,6 milhões.
Também vale pontuar o uso do rotativo do cartão, serviço oferecido quando o consumidor deixa de pagar o valor total da fatura. No período avaliado, o uso da modalidade ficou entre 17% e 20%, com a migração do rotativo ficando abaixo de 5%.
Prós e contras
O Banco Central acredita que a expansão do mercado de cartões de crédito promove a inclusão financeira, o que é positivo, mas, por outro lado, tem grande potencial para elevar o nível de endividamento dos brasileiros.
“Quando o cliente deixa de pagar o valor total da fatura do cartão, o valor não pago se torna uma modalidade de empréstimo, chamada rotativo do cartão de crédito. Essa é uma das operações de crédito com maiores taxas de inadimplência e custo no mercado”, diz o relatório da instituição.
A pesquisa observou ainda que quanto maior o número de vínculos os consumidores possuem, menor o percentual de pessoas que utilizam praticamente todo o limite. Segundo o BC, também há aumento nos “percentuais médios de consumo do limite à medida que o usuário adiciona novos vínculos”.