Carro popular: concessionárias sofrem com cancelamentos em massa após anúncio

Após anúncio do governo de que carros populares de até R$ 120 mil teriam subsídio, concessionárias relatam cancelamentos em massa de pedidos fechados em maio.



Pensado para estimular a venda de carros populares, o anúncio do governo parece ter tido o efeito contrário, pelo menos por enquanto. Segundo o UOL, diversas redes de concessionárias relataram um forte movimento de desistências e cancelamentos em massa por clientes que aguardam saber se sará mais vantajoso comprar com o incentivo governamental.

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Segundo relatos, muitas dessas metas estavam prestes a serem alcançadas até o anúncio feito por Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, mas agora não serão atingidas.

“Depois do anúncio começou uma correria de clientes para cancelar as compras. Tínhamos uma meta de 50 carros no mês, que já estava batida, e no fim das contas vamos cumprir 40 com muito esforço. Foram mais de 10 cancelamentos em menos de uma semana. Nós nunca tivemos que lidar com esse tipo de incidente antes”, disse uma fonte que também trabalha com vendas de carros abaixo de R$ 120 mil, o valor máximo do programa.

Outra entrevistada mencionou que até as vendas de carros de categorias superiores diminuíram, e até mesmo os carros usados foram afetados. Isso levou a loja a colocar uma faixa do lado de fora anunciando “descontos antecipados” de 2% sobre o valor de tabela.

Mesmo antes dos cancelamentos em massa, mercado estava parado

Sem saber exatamente o que virá, o consumidor tem preferido esperar. “O mercado está parado. Por enquanto, nem a fabricante e nem o lojista sabem o que fazer. Muita gente aguardava o anúncio para fechar negócio e agora vai esperar até a divulgação de todas as informações, que deveriam ter saído no máximo em até 24 horas após o pronunciamento”, disse Cassio Pagliarini, da Bright Consulting.

Segundo o anúncio inicial do governo, os descontos poderiam chegar a 10,96% do preço final dos veículos, mas a definição do programa ainda depende do parecer do Ministério da Fazenda, que será emitido em até 15 dias após o anúncio do vice-presidente.

Até o momento, especialistas se perguntam se o esforço será suficiente para alcançar o objetivo desejado. “Além disso, ainda desconhecemos o que as montadoras pretendem fazer para oferecer automóveis mais acessíveis, considerando que a margem de lucro de carros de entrada já é baixa e não dá para retirar itens de segurança obrigatórios nem aumentar o nível atual de emissões”, afirmou Ricardo Bacellar, da Bacellar Advisory Boards.

Para o especialista, a recuperação da indústria automotiva brasileira, que enfrenta baixas vendas e alta capacidade ociosa das fábricas há três anos, não depende apenas de redução de impostos e linhas de financiamento mais acessíveis: é necessário recuperar o poder de compra dos cidadãos.

“Apenas subsídio não resolve o problema. Precisamos de projetos estruturantes, que incluem aumento na renda média, mais empregos e menos tributos”, enfatizou.




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