Pelo visto, a crise da indústria automotiva ainda está longe de acabar. A General Motors (GM) apresentou na última quarta-feira (14) uma proposta para suspender contratos de 1,2 mil trabalhadores da fábrica de São José dos Campos por até dez meses, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da região.
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Segundo o sindicato, a GM propôs um período de suspensão a partir de 3 de julho, alegando queda nas vendas. Todos os funcionários do segundo turno seriam afetados, representando cerca de um terço do total de empregados na planta, que possui 3.958 trabalhadores.
A GM confirmou que está em negociação com o sindicato. A empresa propôs uma suspensão coletiva dos contratos por cinco meses, com possibilidade de prorrogação por mais cinco meses, a partir de 3 de julho, visando adequar a produção à demanda do mercado e garantir a sustentabilidade dos negócios.
GM quer suspender contratos e oferecer formação
Durante o período, que pode durar até dez meses, os trabalhadores ficariam em casa e participariam de cursos de requalificação, recebendo parte dos salários por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A aprovação da suspensão depende da assembleia dos funcionários.
O sindicato, no entanto, propôs outras alternativas à GM, como a redução da jornada de trabalho sem redução salarial para preservar todos os empregos. O vice-presidente do sindicato, Valmir Mariano, afirmou que intensificará a campanha em defesa dos empregos na GM de São José dos Campos. Uma nova rodada de negociações entre a GM e os representantes dos trabalhadores está prevista para esta sexta-feira (16).
Atualmente, a indústria automotiva brasileira enfrenta uma das piores crises. Além da falta de semicondutores, que afeta a produção global de veículos desde 2020, o setor sofre com a instabilidade econômica, os juros elevados e a guerra na Ucrânia, que impacta o fornecimento de matérias-primas. Segundo dados da Anfavea, a produção e as vendas de veículos despencaram em abril, registrando os menores níveis para o mês desde pelo menos 2020.
Como consequência, as montadoras começaram a anunciar demissões em massa no Brasil, bem como suspensões como as propostas pela GM, afetando milhares de trabalhadores diretos e indiretos. A perspectiva para o segundo semestre é incerta e depende da evolução do cenário internacional e da demanda reprimida no mercado interno.