Tudo indica que empresas encobriram riscos à saúde por décadas relacionados aos produtos químicos eternos, substâncias que resistem à deterioração e que são utilizados em diversos produtos industrializados como roupas e embalagens.
Leia também: Que nojo! ISSO pode estar no seu pão industrializado e você nem sabe
Em um relatório publicado no Annals of Global Health, cientistas revelaram que as fabricantes desses produtos, como a DuPont e a 3M, sabiam dos efeitos adversos à saúde pelo menos 21 anos antes de torná-los públicos.
Os pesquisadores tiveram acesso a documentos confidenciais da indústria que mostravam o conhecimento prévio dessas empresas sobre os riscos dos PFAS, como também são conhecidos os produtos químicos eternos.
Alguns desses documentos foram marcados como confidenciais e executivos da indústria chegaram a solicitar a destruição de memorandos. As empresas atrasaram a conscientização pública sobre as consequências ecológicas e de saúde dos PFAS, além de se oporem à regulamentação dessas substâncias.
Riscos dos produtos químicos eternos são conhecidos desde 1961
Os documentos abrangem o período de 1961 a 2006 e foram descobertos em um processo movido pela primeira pessoa a processar uma empresa por contaminação de PFAS.
Segundo os cientistas, ter acesso a esses documentos permite não apenas conhecer o que os fabricantes sabiam e quando, mas também entender como as indústrias poluentes mantêm informações críticas de saúde pública em sigilo.
Diversos estudos têm destacado os malefícios dos produtos químicos eternos. Segundo uma pesquisa publicada na revista Environmental Health Perspectives, essas substâncias podem causar danos ao fígado, elevando os níveis da enzima hepática alanina aminotransferase (ALT), que indica danos ao órgão.
Além disso, os produtos químicos eternos aumentam o risco de câncer de fígado, de acordo com cientistas da Universidade da Califórnia. Um estudo identificou uma ligação entre o sulfonato de perfluorooctano sintético (PFOS) e o carcinoma hepatocelular não viral.
Outra pesquisa, publicada na revista Environmental Research, mostrou que peixes contaminados por produtos químicos eternos representam riscos à saúde. O consumo anual de uma única porção de espécies de água doce contaminadas com PFAS é equivalente à ingestão de água potável contaminada com essas substâncias durante um mês.
