Temperaturas devem subir com El Niño e provocar prejuízo recorde à economia

Fenômeno previsto pelas Nações Unidas deve gerar perdas de e até US$ 3 trilhões, especialmente em países tropicais.



Um estudo da revista Science mostrou que o El Niño deve gerar perda de R$ 84 trilhões (R$ 413 trilhões) neste século, ainda que os países cumpram as metas de corte de emissões de gases do efeito estufa. O prejuízo estimado para os próximos anos está bem acima do esperado anteriormente.

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Segundo a publicação, o fenômeno previsto pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), das Nações Unidas, trará perdas de até US$ 3 trilhões (R$ 14.7 trilhões) até 2029. Os mais afetados serão os países tropicais, como o Brasil.

O estudo realizado por pesquisadores da Universidade Dartmouth (EUA) estima os custos do El Niño a longo prazo, já que eles podem se prolongar por anos após sua ocorrência. As consequências do fenômeno foram medidas entre 1982-1983 e 1997-1998, dois dos períodos mais intensos da história.

Os prejuízos na época foram de US$ 4,1 trilhões (R$ 20 trilhões) e US$ 5,7 trilhões (R$ 28 trilhões), nessa ordem, seguidos de perdas globais.

Além disso, como o El Niño pode desencadear um La Niña subsequente, a pesquisa também avaliou seus efeitos. O primeiro é caracterizado pelo aquecimento anormal do Oceano Pacífico equatorial, enquanto o segundo é marcado pelo resfriamento das águas do Pacífico.

Perdas econômicas

As perdas na economia incluem safras pioras após secas, grandes inundações e os gastos com elas, redução na pesca e aumento de doenças tropicais como a dengue.

Contudo, os pesquisadores pontuam que “esses eventos coincidiram com crises cambiais não relacionadas”, por isso, adotam “um modelo excluindo esses eventos para calcular de forma mais conservadora seus impactos.”

“Nossos resultados sugerem que provavelmente haverá grande impacto econômico, que deprime o crescimento em países tropicais durante, potencialmente, até uma década […] O resultado pode ser de trilhões de dólares em produtividade perdidos globalmente em relação a um mundo sem este El Niño”, diz o pesquisador Christopher Callahan, do Departamento de Geografia.

Além disso, os pesquisadores observaram um crescimento econômico desacelerado, especialmente em países equatoriais, como o Brasil. “Embora a mitigação do clima seja essencial para reduzir os danos acumulados pelo aquecimento, é imperativo dedicar mais recursos à adaptação ao El Niño nos dias atuais”, afirma o texto.

Temperaturas mais altas

Em 2016, ano seguinte ao último ciclo do El Niño, as temperaturas do planeta subiram, o que significa que os efeitos podem ser sentidos com algum atraso. A OMM acredita que o próximo fenômeno ocorrerá em breve e aumentará a temperatura por pelo menos dois anos.

“Esperamos um grave aumento da temperatura global nos próximos dois anos”, antecipa o diretor do departamento de serviços de previsão da OMM, Wilfran Mufuma.

Em algumas partes do planeta, o El Niño costuma causar enchentes, em outros secas. A probabilidade de que esses eventos ocorram até junho é de 60%, aumentando para 80% até setembro.

No Brasil, a formação do fenômeno deve provocar estiagem em partes das regiões Norte e Nordeste, segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No Sul, a expectativa é de chuvas em excesso.




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