Uma declaração feita pelo primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, chamou a atenção dos cidadãos de todo o mundo: “Todos nós temos uma responsabilidade. Coisas simples: desligue o celular todas as noites por cinco minutos. Para as pessoas que estão assistindo: façam isso a cada 24 horas, enquanto escovam os dentes ou o que quer que estejam fazendo”, afirmou Albanese.
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E o ministro não parou por aí.
De acordo em ele, essa simples ação faz com que a Austrália seja o país mais proativo em impedir riscos cibernéticos, visto que desligar o celular uma vez ao dia é uma medida de segurança. Mas será que isso é realmente eficaz?
Medida foi sugerida pela Agência de Segurança dos Estados Unidos
A prática sugerida pelo primeiro-ministro australiano está presente em um documento publicado pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) em 2021. Claro, o Albanese deu uma adaptada à prática, visto que o documento americano recomenda desligar os smartphones uma vez por semana, não uma vez por dia.
A medida é justificada porque os aplicativos maliciosos podem estar funcionando em segundo plano no celular. Ao reiniciar o aparelho regularmente, os aplicativos são automaticamente fechados. De acordo com Priyadarsi Nanda, professor sênior da Universidade de Tecnologia de Sydney, diversas pessoas se esquecem se reiniciar os celulares por meses.
“Sabemos de casos em que as pessoas não desligam os seus telefones por um ano inteiro. Pessoas que dependem do despertador, que podem estar usando 24 horas por dia”, afirmou Nanda em entrevista ao The Guardian.
Novos hackers burlam o celular
Mesmo que a medida possa funcionar em alguns casos, outros especialistas no assunto alertam que os cibercriminosos mais atualizados já usam métodos que mantêm os ataques, mesmo se o celular for desligado ou reiniciado.
“Uma das coisas mais constantes em vírus de computador — smartphones são computadores— é algum mecanismo de sobrevivência a desligamentos e reboots. Portanto, desligar por cinco minutos ou simplesmente reiniciar só irá causar ao malware a sua reativação por meio de mecanismos legítimos, ou não disponibilizados pelo sistema operacional do smartphone”, explicou Paulo Lício de Geus, especialista em cibersegurança.
Por fim, o delegado da Polícia Civil do Maranhão, Guilherme Campelo, explica que essa não pode ser a única medida a ser tomada a fim de aumentar a segurança dos celulares: “De certa forma, isso chama a atenção do público para a prevenção em geral, mas a medida deve ser aliada com a atualização constante do sistema operacional e antivírus para blindá-lo contra as diversas versões de malware, bem como não clicar em links suspeitos”, completa Campelo.