123 Milhas segue os passos da Hurb em cenário que já era tragédia anunciada

Empresa do ramo de viagens anuncia suspensão dos pacotes e passagens de sua linha promocional com emissão até dezembro.



Muita gente aproveitou, outras tantas pessoas ficaram com desconfiadas, mas quase todo mundo se preocupava com as condições excessivamente vantajosas oferecidas pela empresa 123 Milhas. Na última sexta-feira (18), a agência de viagens online veio a público comunicar a suspensão dos pacotes e passagens aéreas da linha Promo 123 Milhas.

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Esses são os chamados “produtos flexíveis”, em que o cliente não escolhe exatamente a data da viagem. A empresa pode emitir os bilhetes até 15 dias antes do voo, com uma flexibilidade de 1 dia a mais ou a menos da data escolhida.

A operação é de risco, mas milhares de passageiros conseguiram aproveitar as vantagens de pagar barato, pelo menos até agora. Com tarifas tão flutuantes como as do Brasil, era difícil acreditar que a empresa nunca teria problemas com a política.

Reembolso em voucher

A decisão abrange todos os pedidos da linha Promo com embarques previstos entre os meses de setembro a dezembro de 2023. Ainda não há informações se os produtos com embarque a partir de janeiro de 2024 também serão cancelados.

A 123 Milhas informou que fará a devolução dos valores dos clientes prejudicados em forma de voucher. O valor incluirá uma correção de 150% do CDI (hoje próximo a 13,15% ao ano). Assim, o usuário só poderá utilizar o dinheiro para comprar novos produtos da empresa.

Os vouchers ficarão disponíveis para uso por até 36 meses a partir da data de solicitação, que pode ser feita no site www.123milhas.com ou pelo WhatsApp (31) 99397-0210.

“Nós entendemos que essa mudança é inesperada e lamentamos o inconveniente que isso possa causar. Para nós, manter a sua confiança é o mais importante. Por isso, estamos fazendo o possível para minimizar as consequências deste imprevisto”, disse a companhia em nota.

Condições são obrigatórias?

Segundo a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), “a opção por voucher não pode ser impositiva, tampouco exclusiva”. Por lei, os clientes têm o direito de receber o reembolso das quantias gastas em dinheiro.

“A 123 Milhas está fazendo isso porque sabe que a grande maioria dos brasileiros evita ir ao judiciário. E quem for vai demorar, no mínimo, de seis meses a um ano para ter uma solução. Eles estão brincando com a ineficiência do sistema brasileiro de justiça”, afirmou Igor Britto, diretor de Relações Institucionais do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), ao O GLOBO.

Segundo especialistas, consumidor pode entrar com uma ação na Justiça para solicitar a devolução do valor pago. Além de pedir indenização por danos materiais por eventuais gastos extras, também é possível requerer indenização por tempo perdido e por danos morais.

“Em casos com grande planejamento para a viagem e em que o cancelamento possa gerar uma grande frustração e abalo moral, o que foge do mero aborrecimento, é cabível indenização por dano moral. Quanto ao valor da indenização, depende da análise do juiz no caso”, completa o advogado Luan Dantas, especialista em direito do consumidor.




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