O Banco Central parece ter aderido à meta do governo federal de baixar as taxas do cartão de crédito. Na última quinta-feira (10), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que uma das possibilidades em estudo pela autarquia é o fim do rotativo.
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A modalidade é uma forma de crédito emergencial oferecida ao consumidor quando ele não paga o valor total da fatura.
Para reduzir os efeitos do juro no aumento da inadimplência, a ideia é substituir o rotativo do cartão por uma taxa adicional sobre o saldo devedor. Hoje, a taxa de juros desse tipo de crédito chega a 440% ao ano (15% ao mês), de longe a mais alta do mercado.
Parcelamento do saldo
Campos Neto antecipou que o desenho em análise pelo BC prevê o parcelamento do saldo devedor com juros por volta de 9% ao mês, bem abaixo dos 15% atuais.
“A solução está se encaminhando para que não tenha mais rotativo, que o crédito vá direto para o parcelamento. Que seja uma taxa ao redor de 9% [ao mês]. Você extingue o rotativo. Quem não paga o cartão, vai direto para o parcelamento ao redor de 9%”, disse o presidente da autarquia.
Outra ideia em análise é a criação de uma tarifa para compras sem juros, o que poderia desincentivar o parcelamento. Durante uma audiência no Senado, ele afirmou que a proposta será apresentada nas próximas semanas.
“Não é proibir o parcelamento sem juros. É simplesmente tentar que fique um pouco mais disciplinado. Não vai afetar o consumo. Lembrando que cartão de crédito é 40% do consumo no Brasil”, acrescentou Campos Neto.
Conversas com os bancos
A questão do rotativo é tema de discussão entre o governo e os bancos desde abril. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem conversando com as instituições para que reduzam os juros da modalidade.
“O desenho [do crédito rotativo] está prejudicando muito a população de baixa renda. Uma boa parte do que pessoal que está no Serasa hoje é por conta do cartão de crédito. Não só, mas é também por cartão de crédito. E as pessoas não conseguem sair do rotativo. É preciso encontrar um caminho negociado como fizemos com a redução do consignado dos aposentados”, afirmou Haddad em abril.
A inadimplência do crédito atinge aproximadamente 50% no Brasil, ultrapassando bastante a média mundial. Por aqui, é possível parcelar uma compra em até 13 vezes no cartão, uma exclusividade de que prejudica muita gente.