De acordo com um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os brasileiros que estão entre os 10% mais pobres da população levariam cerca de nove gerações, equivalente a 180 anos, para alcançar a classe média no país, considerando as atuais condições de renda, educação, trabalho e saúde disponíveis por aqui.
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O resultado traz uma média, apesar dos poucos casos de mobilidade que existem. A história de Adalberto Gonçalves Lira Júnior, de 36 anos, por exemplo, é um raro caso de mobilidade social. Júnior, que costumava viver nas ruas, agora comanda um negócio próprio de comida de rua juntamente com sua esposa, Joyce.
O casal opera quatro carrinhos de venda de alimentos no bairro do Jaraguá, zona norte de São Paulo, e mais seis em eventos, alcançando um faturamento mensal de aproximadamente R$ 20 mil, segundo a Folha de S. Paulo. Porém, vale voltar a ressaltar: exemplos como o de Júnior são raros na realidade socioeconômica brasileira.
Brasileiros pobres só não demoram mais que colombianos para alcançar classe média
O estudo da OCDE, intitulado “A broken social elevator? How to promote social mobility” (Um elevador social quebrado? Como promover a mobilidade social), examina a quantidade de gerações que os 10% mais pobres da população de 24 países necessitariam para chegar à classe média. A análise aponta que o brasileiro levaria nove gerações, sendo superado apenas pela Colômbia, com 11 gerações, entre países emergentes.
Especialistas apontam a importância da educação como a principal política pública para favorecer a mobilidade social. No entanto, o acesso desigual a serviços básicos como saneamento básico continua sendo um obstáculo à igualdade de oportunidades.
No país existem alguns projetos como a agência de fomento social Besouro, que oferece cursos de capacitação para pessoas de baixa renda, proporcionando-lhes habilidades para iniciar seus próprios negócios.
No entanto, a desigualdade persistente nas condições de vida, educação e saúde das camadas mais pobres da sociedade brasileira continua a desafiar a mobilidade social. Para muitos, o sonho de chegar à classe média permanece distante e a luta pela igualdade de oportunidades continua sendo um desafio premente.