Golpistas enviam cartas oferecendo revisão da vida toda a aposentados do INSS

Em novo esquema contra os segurados do INSS, os fraudadores enviam cartas solicitando dados pessoais para suposta revisão.



Os aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) estão mais uma vez na mira dos golpistas, que desta vez utilizam a revisão da vida toda em um novo esquema. Escritórios, associações e empresas estão enviando cartas aos beneficiários a respeito da correção, que está parada na Justiça há meses.

Leia mais: Hoje, quem compra ESTE produto recebeu uma péssima notícia da Anvisa 

Os textos contêm graves erros a respeito da revisão, além de promoverem uma sensação de urgência ao informarem prazos inexistentes para envio de documentos.

O conteúdo das correspondências pode levar muitos a serem vítimas de fraudes, já que a revisão da vida toda é um processo que beneficia apenas alguns beneficiários específicos. Tem direito a pedir a correção apenas quem se aposentou nos últimos dez anos, com base nas regras anteriores à reforma da Previdência, em vigor desde 2019.

Ao entrar com uma ação, o segurado solicita a inclusão de salários de contribuição anteriores a 1944, quando teve início do Plano Real, no cálculo da aposentadoria. A tese pode elevar o valor do benefício de quem tinha salários maiores nesse período, desde que a pessoa satisfaça os requisitos mencionados.

Conteúdo das correspondências

Em uma correspondência enviada aos beneficiários, uma empresa até menciona que a revisão da vida toda é exclusiva para quem se aposentou entre 2013 e 2023, mas não deixa claro que ela não vale para quem obteve o benefício com base nas regras da reforma da Previdência.

Além disso, o documento afirma que o aposentado pode receber valores retroativos de até cinco anos antes da abertura do processo, mas essa questão ainda depende de decisão do STF (Superior Tribunal Federal).

Para incutir a falsa sensação de urgência, outra carta afirma em letras maiúsculas: “Atenção entre em contato imediatamente. Análise pode ser feita no período de 48 horas a partir do recebimento desta carta.”

Na tentativa de atrair os aposentados, o remetente convida o destinatário a assistir uma palestra na sede da empresa, localizada no centro de São Paulo. A correspondência pede que o segurado leve documentos pessoais durante a visita, além de informar dois números de WhatsApp para contato.

Foto: Reprodução

Recomendações de especialistas

A advogada Adriane Bramante, presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário), considera “um absurdo” as cartas enviadas aos cidadãos e recomenda que eles não procurem orientação em nenhuma dessas empresas. “O ideal é não procurar a empresa que mandou a carta e sim um advogado de confiança, que seja especialista em direito previdenciário”, diz.

“Não sabemos como conseguem os dados dos segurados, mas certamente não é correto o acesso às informações sem autorização dele, já que temos a LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados], que garante a ele o direito de ter resguardados seus dados pessoais”, acrescenta.

Já a advogada Tonia Galleti, do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), diz que não há como confiar em um local que faz uma abordagem como essa.

“O que está equivocado é o acesso dessas empresas às informações dessas pessoas. A gente sempre recomenda que, no caso específico da revisão, o aposentado procure um advogado previdenciarista de sua confiança ou um sindicato da categoria para não cair em nenhuma armadilha”, aconselha.

As especialistas reiteram que o segurado deve buscar uma entidade séria para fazer os cálculos e estabelecer se de fato ele tem o direito de pedir a revisão. Elas também alertam para que o beneficiário jamais faça pagamentos antes desse cálculo.

“Não antecipe nenhum pagamento sem saber se tem direito à revisão. Caso cobrem os cálculos, confira se o local é idôneo”, diz Bramante.

“Muitos escritórios cobram valor antecipado e não há nenhuma ilegalidade nisso, porque é bem trabalhoso, mas é preciso tomar cuidados com essas empresas [que enviam cartas]. A maioria delas não é de advogados e atuam captando essa clientela”, completa Galleti.




Veja mais sobre

Voltar ao topo

Deixe um comentário