Imagine um material milagroso, tão leve como uma pena, mas 200 vezes mais forte do que o aço. Esse é o grafeno, extraído do grafite, um elemento que tem deixado a comunidade científica extasiada. Incsluvise, ele tem sido bastante usado pela Ford.
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Além de sua incrível resistência, o grafeno possui alta condutibilidade térmica e elétrica. Segundo um estudo liderado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), esse material tem o potencial de movimentar mais de US$ 1 trilhão nos próximos dez anos.
Embora já seja utilizado em produtos como smartphones, revestimentos e até mesmo equipamentos esportivos, é na indústria automobilística que o grafeno promete revolucionar a inovação, desde a redução de ruídos em veículos até a melhoria das baterias elétricas.
Hub de inovação para produção de grafeno
A Ford, sempre comprometida com a pesquisa e desenvolvimento, criou um time dedicado à exploração do grafeno no Brasil. Este time, sediado no Centro de Desenvolvimento e Tecnologia do Brasil, em Camaçari (BA), colabora com a UCSGRAPHENE, o primeiro hub de inovação para produção de grafeno em escala na América Latina, inaugurado em 2021 e ligado à Universidade de Caxias do Sul (RS).
Diante disso, Alex Machado, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Ford, observa que o setor automotivo está passando por uma revolução. Os carros não são mais apenas sobre conforto, resistência e beleza; agora, envolvem dados, software, eletrificação e sustentabilidade ambiental. Ele enfatiza que o grafeno abre novos horizontes para a inovação, especialmente no contexto dos carros elétricos. A fala consta numa matéria do Época Negócios, do grupo Globo.
Lucros positivos da Ford superam expectativas
No primeiro trimestre de 2023, a Ford registrou lucros globais de US$ 3,4 bilhões, superando as expectativas dos analistas, que previam US$ 2,4 bilhões. No entanto, as projeções para o ano inteiro são moderadas devido às contínuas perdas em sua divisão de veículos elétricos.
Nesse sentido, a montadora reiterou sua estimativa de lucro para o ano todo, situada entre US$ 9 bilhões e US$ 11 bilhões, já incluindo um prejuízo previsto de US$ 3 bilhões na unidade de veículos elétricos Model.
Projetos de exportação
A estratégia de negócios da Ford Brasil se concentra na tecnologia e na inteligência automobilística, exportando serviços de engenharia para mercados internacionais. Atualmente, 85% dos projetos de engenharia desenvolvidos pela equipe brasileira são destinados a outros mercados, com um foco especial nos Estados Unidos.
Enquanto em maio de 2022, a empresa expandiu seu Centro de Desenvolvimento e Tecnologia em Camaçari, contratando 500 profissionais. Dois meses depois, a iniciativa incluiu a criação de uma equipe de pesquisa dedicada ao grafeno.
Desse modo, essa equipe já trabalha em mais de 10 projetos relacionados à aplicação do material na mobilidade. Embora o valor do investimento no centro não tenha sido divulgado, a Ford afirma que o negócio é autossustentável, gerando cerca de R$ 500 milhões em receita no ano passado.
Brasil: o segundo maior produtor de grafeno do mundo
O Brasil é o local ideal para esses esforços, já que é o segundo maior produtor de grafeno do mundo, atrás apenas da China, segundo o United States Geological Survey (USGS).
Dessa forma, estudos do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) o classificam como o terceiro maior fornecedor global de grafite, com 27% da produção global de 270 milhões de toneladas. A maioria das reservas está localizada em Minas Gerais, Bahia e Ceará.
O “Pó Mágico” que pode transformar as baterias EV
Dos 1.500 profissionais no Centro de Desenvolvimento e Tecnologia do Brasil, 20 estão imersos na pesquisa do grafeno usando nanotecnologia, que lida diretamente com átomos e moléculas em escala nanométrica.
Isso porque o grafeno é capaz de alterar radicalmente as características de outros materiais, tornando-os mais rígidos. Um exemplo é o aço, que se torna mais resistente e leve com a adição de grafeno.
Sendo assim, a Ford já utiliza o pó do grafeno em mais de 5 milhões de veículos em todo o mundo, incluindo modelos como Mustang Mach-E, F-150 e Mach 1. Ele é aplicado em pequenas peças automotivas, como suportes, coberturas de motores e isoladores acústicos, melhorando a resistência térmica e reduzindo ruídos.
Então, o objetivo final da montadora é utilizar o grafeno para transformar o desempenho das baterias dos veículos elétricos. As baterias, que atualmente representam até 40% do peso total do carro, poderiam ficar até 20% mais leves com a inclusão do grafeno.
Obstáculos à inovação
O grafeno é obtido principalmente por meio de métodos caros e poluentes, como a deposição química de vapor e a trituração do grafeno em óxido de grafeno. Atualmente, uma folha de grafeno de apenas 12,9 cm² (a versão mais barata em pó) custa até US$ 275, cerca de R$ 1.350, segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).