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Os opostos se atraem? Não é bem assim! O mistério por trás dessa ‘falácia’

Diga adeus ao mito de que 'os opostos se atraem' e descubra o que a ciência moderna tem a dizer sobre a força que une corações.



Será que o provérbio “os opostos se atraem” sempre reflete a realidade das relações amorosas? Uma nova pesquisa publicada no periódico Nature Human Behaviour sugere que, na verdade, os semelhantes têm mais chances de se atrair. Isso nos leva a questionar as complexidades dos relacionamentos românticos e se a crença popular está alinhada com as descobertas científicas.

Leia também: A diferença de idade e os relacionamentos: afinal, ajuda ou atrapalha?

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade do Colorado em Boulder realizaram uma meta-análise de 199 estudos que datam desde 1903. Eles exploraram 22 características em casais heterossexuais, incluindo inclinações políticas, idade da primeira relação sexual e uso de substâncias. Além disso, uma análise separada foi feita com dados do UK Biobank, envolvendo cerca de 80 mil casais do Reino Unido, abrangendo 133 características diferentes.

E quais foram os resultados?

Os resultados revelaram que características como atitudes políticas, religiosas, nível de escolaridade e até mesmo medidas de QI demonstraram correlações particularmente altas entre casais.

Por exemplo, em uma escala onde “0” indica nenhuma correlação e “1” indica que os casais sempre compartilham a característica, a correlação para valores políticos foi surpreendente, chegando a 0,58. Isso sugere que pessoas com opiniões políticas semelhantes têm maior probabilidade de se unir romanticamente.

Da mesma forma, informações relacionadas ao uso de substâncias também apresentaram correlações significativas. Fumantes, alcoólatras e abstêmios tendem a se associar a pessoas com hábitos semelhantes. Embora características como altura, peso, condições médicas e traços de personalidade tenham correlações menos significativas, elas ainda são positivas.

Tanya Horwitz, doutoranda no Departamento de Psicologia e Neurociência do Instituto de Genética Comportamental em Boulder, destaca:

As pessoas têm todas essas teorias de que os extrovertidos gostam de introvertidos ou que os extrovertidos gostam de outros extrovertidos, mas o fato é que é como jogar uma moeda: os extrovertidos têm a mesma probabilidade de acabar com extrovertidos e com introvertidos.

Surpreendentemente, a pesquisa descobriu que, para a maioria das características analisadas (82% a 89%), os parceiros tinham maior probabilidade de ser semelhantes. Apenas 3% das características demonstraram que indivíduos tendem a se associar com pessoas diferentes.

Entre as semelhanças identificadas, o ano de nascimento apareceu como um fator relevante. Além disso, características menos estudadas, como o número de parceiros sexuais e se a pessoa foi amamentada quando criança, também apresentaram alguma correlação.

Pesquisa alerta sobre preocupações

A pesquisa também levanta preocupações. A tendência das pessoas em se relacionar apenas com indivíduos semelhantes pode resultar em complicações genéticas, afetando características como a estatura da prole e até mesmo questões psiquiátricas e médicas.

Além disso, há implicações socioeconômicas, já que estudos anteriores indicam que as pessoas estão mais propensas a se unirem a parceiros com formação educacional semelhante, o que pode acentuar a desigualdade socioeconômica.

Em última análise, a equipe de pesquisa espera que esse estudo inspire mais investigações interdisciplinares sobre relacionamentos. Como Tanya Horwitz conclui: “Esperamos que as pessoas possam usar esses dados para fazer suas próprias análises e aprenderem mais sobre como e por que as pessoas acabam tendo os relacionamentos que têm.”




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