A armadilha da autoestima: por que os millennials estão solteiros há mais tempo?

Amor próprio ou autossabotagem? A surpreendente razão pela qual muitos jovens ainda permanecem solteiros (ou solitários).



Acontece com você: mesmo cercado de oportunidades para se relacionar, ainda se sente sozinho? Ocupado com seus próprios pensamentos, desconectado de possíveis parceiros amorosos? Não, você não é o único. Existe uma geração inteira que, embora exale confiança e amor-próprio, parece estar tropeçando no jogo do amor.

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A solteirice pode ter menos a ver com a falta de opções e mais com uma superabundância de autoestima, algo aparentemente benéfico, mas que, em excesso, pode se tornar uma armadilha.

O psicólogo Jean Twenge, em seu livro “Generation Me: Why Today’s Young Americans Are More Confident, Assertive, Entitled—and More Miserable Than Never Before”, dá ênfase a essa peculiaridade dos millennials, nascidos entre 1982 e 1999.

A armadilha da autoestima e do hiperfoco no “eu”

Contrariando a noção popular, Twenge sugere que ter uma autoestima elevada não é apenas sobre sentir-se bem consigo mesmo. Para os Millennials, crescer sob o estandarte do “movimento da autoestima” significou um foco quase obsessivo no eu.

Sim, aprenderam a ser autossuficientes, a confiar mais em si mesmos do que em qualquer outra geração. E essa autossuficiência trouxe uma pegadinha: um repertório de habilidades individualistas, mas uma deficiência em competências relacionais.

Se lhe disseram repetidamente para valorizar o amor-próprio, ignorar opiniões externas e buscar apenas o que lhe faz feliz, o resultado pode ser, infelizmente, uma abordagem de vida centrada no “eu”.

O autoconhecimento é vital, claro, mas quando ultrapassa o ponto de equilíbrio, pode tornar-se um obstáculo para a empatia e a conexão. Quem nunca ouviu o conselho de “amor próprio em primeiro lugar”? No entanto, quando levado ao extremo, pode criar barreiras invisíveis, dificultando o vínculo genuíno com os outros.

Esse hiperfoco no indivíduo fez surgir uma mentalidade de “exército de um só”, conforme explica Caitlin Cantor, da “Psychology Today”. E o que isso implica? Uma geração que luta com aspectos fundamentais dos relacionamentos, como proximidade, vulnerabilidade e intimidade.

São áreas que se tornaram desafiadoras para muitos, não por falta de desejo, mas por não terem sido treinados para lidar com elas, estando muito ocupados se amando e priorizando suas próprias opiniões.

Assim, se você se identifica com essa descrição, talvez seja o momento de refletir. A verdadeira autoestima é também sobre equilíbrio, compreensão e conexão. E talvez, nesse equilíbrio, encontre o caminho para um amor mais profundo e duradouro.




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