Os consumidores mais atentos aos preços dos alimentos nas prateleiras dos supermercados já devem ter reparado que o arroz está custando bem mais caro em 2023. Segundo dados do IBGE, o cereal teve alta de 17,7% entre janeiro e novembro, e a situação não deve melhorar muito em 2024.
Leia mais: Prazo para sacar o abono salarial termina este mês e 86,6 mil ainda não resgataram
O preço do alimento tem batido recordes dentro e fora do mercado nacional. Conforme informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-USP), a saca de 50 quilos de arroz foi cotada a mais de R$ 130 na semana do Natal.
Em outros países, as cotações atingiram recordes em 15 anos. A Associação de Exportadores de Arroz da Tailândia informou que o arroz branco tailandês com 5% de quebra (referência usada no mercado asiático) alcançou o preço de US$ 659 por tonelada após três semanas consecutivas de alta.
O valor é o mais elevado desde outubro de 2008 e pressiona ainda mais a alta nos preços, que chega a 38% no ano. O avanço teve início após a Índia, maior país exportador do produto, restringir suas exportações em razão do clima seco.
Condições climáticas desfavoráveis
O clima desfavorável e a redução dos estoques são os principais motivos para o preços altos no Brasil no segundo semestre deste ano, explica o Cepea. O último trimestre foi especialmente intenso no quesito variações, tendência impulsionada por preocupações com o efeito das condições climáticas desfavoráveis na safra.
Já no exterior, o aumento das cotações é resultado da forte demanda e dos temores em relação à oferta de arroz. O alimento é considerado vital para a dieta de bilhões de moradores da Ásia e da África, e a alta nos preços pode contribuir com as pressões inflacionárias e elevar os custos para os países importadores.
Para tentar compor seus estoques em meio às preocupações com o impacto do El Niño na produção, muitos países têm aumentado suas compras do cereal. O fenômeno climático tem potencial para reduzir ainda mais a oferta de arroz nos próximos meses.