A cada quatro anos, um dia é acrescido ao mês de fevereiro. Mas você sabe por que o segundo mês do ano passa a ter 29 dias? Esse ajuste no calendário vem lá da Roma antiga, de 49 a 44 a.C., quando o império esteve sob domínio de Júlio César.
Leia mais: Fim do segundo bissexto: atenção, a contagem do tempo pode mudar
Na prática, a definição do calendário com 365 dias se baseia no tempo em que a Terra demora para dar uma volta inteira ao redor do Sol. Contudo, é preciso lembrar que o calendário solar vai um pouco além: para completar o movimento de translação, são necessários, na verdade, 365 dias e 6 horas.
Portanto, ao juntar as seis horas que sobram todos os anos, em quatro anos tem-se mais um dia completo. Daí é que surge o dia 29 de fevereiro nos anos bissextos.
E se não existissem os anos bissextos?
Essa compensação de um dia a cada quatro anos é fundamental para a nossa economia, por exemplo. Isso porque, caso os anos bissextos não existissem, haverá uma desconexão entre as datas do ano civil e as estações do ano, por exemplo. Isso teria impactos reais na agricultura, devido às datas de plantio e colheita.
Em outras palavras, o que determina qual estação do ano estamos é o eixo de inclinação da Terra, assim como a posição do planeta em relação ao Sol. Se a correção das seis horas “extras” anuais não ocorre, com o passar dos anos, o calendário vigente ficaria atrasado em relação às estações do ano. Se chegaria ao ponto de a primavera começar só em dezembro no hemisfério sul.
Como saber se é ano bissexto
Para ser ano bissexto, é preciso cumprir alguns requisitos. O primeiro deles é o fato de anos bissextos serem divisíveis por quatro. É o caso de 2024, por exemplo, que ao ser dividido por quatro dá 56, ou seja, um número inteiro.
Contudo, os anos que terminam com “00” precisam de mais atenção. Isso porque, se o ano acabar em 00 e for divisível por 400, é bissexto. Mas se não for divisível por 400, não é bissexto, entrando na exceção.
Isso ocorre porque o tempo de translação da terra é um pouco menor do que 365 dias e seis horas. Apesar de usarmos o número arredondado, a volta ao Sol gasta, na verdade, 365, 5 horas, 48 minutos e 48 segundos, o que dá uma diferença de 11 minutos e 12 segundos. Como esses minutos vão se acumulando, uma hora eles precisam ser descontados do calendário. E é por isso que quando o ano termina em “00” e não é divisível por 400, o ano não é bissexto.
Para se ter ideia, a última vez que isso aconteceu foi em 1900 e a próxima será em 2100.
Invenção dos anos bissextos
A conciliação entre o calendário lunar já fazia parte da cultura dos povos antigos. No Egito, por exemplo, os povos sabiam que quando uma determinada estrela aparecia no céu, o rio ficaria mais cheio, apontando que era uma boa época para plantar. Com o tempo, eles perceberam que havia uma variação de dias nessa aparição de determinado astro e perceberam que era necessário realizar uma correção no calendário. Assim, era possível sincronizar os fenômenos astronômicos com a vida humana.
Tempos depois, Júlio César, que governou Roma de 49 a 44 a.C. incorporou os anos bissextos. “O calendário juliano promoveu uma grande reforma. Criou o ano de 365 dias/12 meses e acrescentou um dia a cada quatro anos”, explica Thomas Wisiak, professor de história.
Por fim, é válido lembrar que a organização atual do tempo se baseia no calendário gregoriano, que substituiu o juliano em 1582. A nova versão, iniciativa do papa Gregório XIII corrigiu atrasos em relação às estações do ano, surgindo, então, a regra da divisão por 400 para saber se o ano é o não bissexto.