A nova tendência no TikTok são os vídeos de trabalhadores que gravam o momento da própria demissão e publicam na rede de vídeos curtos. A trend viralizou no fim do ano passado, mas continua recebendo novas publicações de profissionais dispensados todos os dias.
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Será que publicar essas imagens pode gerar alguma consequência negativa para a pessoa? Especialistas afirmam que sim, e os impactos podem ser tanto jurídicos quanto profissionais.
No TikTok, a hashtag #demissões reúne milhares de publicações de cenas que a maioria costumava preferir guardar apenas na memória. Boa parte dos vídeos traz apenas imagens do rosto do próprio trabalhador, sem exposição do interlocutor.
Impacto profissional
Segundo Daniele Malafronte, especialista em gestão de pessoas e negócios, publicar o desligamento de uma empresa pode ser prejudicial para a reputação do profissional, sobretudo em futuras seleções realizadas por empresas que pesquisam a vida pessoal dos candidatos.
“O que o profissional deve se lembrar é que, uma vez publicado, o vídeo ficará acessível e poderá ser visto a qualquer momento da sua carreira. Ele corre o risco de receber julgamentos relacionados à ética, à maturidade e à discrição”, diz.
A especialista avalia que muitas empresas tradicionais preferem não se associar a um trabalhador com esse perfil por medo de exposição pública. Além disso, a conduta pode levantar dúvidas sobre a integridade do funcionário e prejudicar o desenvolvimento de sua carreira a longo prazo.
Impacto jurídico
Publicar o momento da demissão também pode ter consequências jurídicas, principalmente se a empresa entender que houve prejuízo à sua imagem no mercado. O advogado trabalhista Pedro Chaloub explica que a exposição pode ser entendida como um ataque à imagem do empregador.
“O empregador pode ajuizar uma ação contra o empregado na Justiça do Trabalho e requerer uma indenização em razão dos prejuízos suportados”, afirma.
“Nesse caso, vai depender da forma como o funcionário desligado expôs a empresa. Se a empresa entender que houve prejuízo à sua imagem, poderá acionar o empregado judicialmente para reparação do dano causado”, acrescenta o advogado Erick Beyruth, mestre em Direito Constitucional.
Outra consequência jurídica do comportamento é a conversão de uma demissão sem justa causa em demissão por justa causa. “A dispensa sem justa causa até pode vir a ser revertida em dispensa por justa causa. Entretanto, isso deve ser feito ainda no curso do aviso prévio”, completa.
