Os filmes distópicos produzidos no século passado previam a Terra sendo devastada pelas consequências do efeito estufa, a natureza em decadência e um lugar onde rios, animais e plantas não existiriam mais. A má notícia é que talvez essa distopia esteja cada vez mais próxima devido às mudanças climáticas, e o Brasil não está isento a essas ameaças.
De acordo com um estudo da NASA, a combinação de calor extremo e umidade poderá tornar várias regiões do país praticamente inabitáveis nas próximas décadas. Nesse contexto, as áreas do Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste são as mais afetadas.
Com o aumento das emissões de gases do efeito estufa, o planeta segue uma trajetória de aquecimento global contínuo. Esse fenômeno intensifica a ocorrência de ondas de calor, que se tornam cada vez mais frequentes e severas.
A pesquisa liderada por Colin Raymond, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, publicada na revista Science Advances, usa imagens de satélite e projeções de temperatura de bulbo úmido para avaliar o impacto das mudanças climáticas.
Bulbo úmido: um desafio para o Brasil
Foto: Suthin _Saenontad/Shutterstock
O conceito de bulbo úmido refere-se à temperatura sentida na pele molhada sob ventilação, uma combinação de calor e umidade que pode bloquear o processo natural de transpiração.
Nesse sentido, o corpo humano consegue regular a temperatura até cerca de 45°C com 20% de umidade. No entanto, com umidade acima de 40%, essa capacidade de resfriamento diminui drasticamente, podendo ser fatal.
O estudo alerta que temperaturas de bulbo úmido acima de 35°C são extremamente perigosas, até mesmo para pessoas saudáveis. Se as previsões se confirmarem, o Brasil poderá enfrentar essas condições críticas até 2070, colocando em risco a sobrevivência de seus habitantes.
A adaptação a essas condições ainda é pouco compreendida, mas a crescente ocorrência de eventos extremos desde 2005, especialmente no Golfo Pérsico e no Paquistão, indica que tais cenários não são mais improváveis.
Regiões brasileiras em risco
As regiões Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste enfrentam um aumento significativo na temperatura devido à combinação de fatores climáticos e práticas humanas, como a derrubada de árvores e o consumo irresponsável de recursos naturais.
Além do Brasil, o estudo da NASA também aponta para riscos semelhantes em outras partes do mundo. Sul da Ásia, Golfo Pérsico e Mar Vermelho são regiões onde o calor extremo já é uma realidade e que poderão enfrentar condições ainda mais severas.
O Sudeste Asiático e partes da China também estão na lista de áreas em risco, reforçando a necessidade urgente de ações globais para mitigar as mudanças climáticas.
O futuro do Brasil e o aquecimento global
O estudo da NASA ressalta a importância de medidas imediatas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e adotar práticas mais sustentáveis a fim de parar o crescente aumento do aquecimento global.
A adaptação a novas condições climáticas, bem como a preparação para eventos extremos, são essenciais para garantir a sobrevivência das populações afetadas.
Os cientistas destacam que a cooperação internacional é necessária para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. Logo, o Brasil, com sua diversidade ambiental e de recursos naturais, tem um papel protagonista a desempenhar na implementação de soluções sustentáveis.
No entanto, sem ações concretas e urgentes, o futuro de muitas regiões brasileiras poderá ser comprometido pela intensificação das condições climáticas extremas.