O planeta tem vivido uma crise ambiental há anos. O que muitos ainda não percebem é que questões climáticas e econômicas, frequentemente vistas como problemas separados, estão profundamente interligadas. A elevação dos preços dos alimentos não é apenas uma questão de mercado; é também uma consequência das mudanças climáticas.
No final de 2021, a Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou dados alarmantes: o preço global dos alimentos havia aumentado cerca de 33% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Esse aumento, registrado pelo índice de preços de alimentos da FAO, reflete as mudanças nos preços de itens como carne, açúcar, vegetais e arroz. O índice compara os preços atuais aos preços médios praticados entre 2002 e 2004, ajustando-os conforme a inflação.
Comprar alimentos está cada vez mais caro no Brasil – Foto: Canva Pro
Preços nominais e reais
Os preços nominais, que refletem o custo do alimento no mercado, mostram uma realidade preocupante. No entanto, os preços ‘reais’, ajustados pela inflação, revelam a verdadeira dificuldade que as pessoas enfrentam para garantir sua nutrição.
A inflação tem desempenhado um papel significativo nesse cenário, pois, enquanto os preços dos alimentos sobem, a renda das famílias não acompanha esse aumento de forma proporcional.
Isso resulta em um cenário onde, além de gastar mais com alimentação, as pessoas precisam pagar mais por outros bens e serviços, aumentando ainda mais a pressão sobre seus orçamentos.
Para além do Brasil
É válido ressaltar que a insegurança alimentar não é um problema apenas do Brasil. Países como Espanha, Portugal, Itália, Estados Unidos e até mesmo a China têm registrado aumentos significativos no preço global dos alimentos, evidenciando que este é um problema global.
Muitos são os motivos que contribuem para a elevação dos preços dos alimentos, mas as mudanças climáticas se destacam. O clima imprevisível e desfavorável tem resultado em expectativas de safra reduzidas, colheitas afetadas e um declínio na produção, tudo isso contribuindo para a elevação dos preços.
Relatórios, como o do Banco Central Europeu de 2021, indicam que temperaturas anormalmente altas têm impulsionado a inflação, especialmente nos países em desenvolvimento. As temperaturas elevadas, que duram mais de uma temporada, têm um impacto duradouro nos preços dos alimentos, agravando ainda mais a situação.
Neste sentido, a mudança climática deixa de ser um problema apenas ambiental e passa a ser uma questão econômica. Desastres naturais como calor extremo, enchentes, secas e incêndios florestais estão causando estragos econômicos, contribuindo para a alta nos preços dos alimentos e impactando a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.